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    sexta-feira, 13 de julho de 2012

    A importância do Tratado da Verdadeira Devoção na vida e no pontificado de João Paulo II




    A PERFEITA DEVOÇÃO





    • Totus tuus (todo teu), o lema de João Paulo II. Inspirando-se no Tratado de S. Luís Maria, o Papa honrou à Santíssima Virgem confiando-Lhe sua vida e seu pontificado


    Em seu livro, Os Mistérios do Papa Wojtyla, o jornalista Renzo Allegri revela que em pleno inferno decorrente da simultânea invasão da Polônia pelos alemães e pelos soviéticos, cujo saldo foram seis milhões de cidadãos mortos, o futuro Papa, na condição de operário forçado e sofrendo o terror de vivenciar o aniquilamento de seu povo, nos seus raros momentos de tranquilidade, frequentemente era visto com um livrinho na mão. Era o ano de 1940.
    Depois de um ano de trabalhos forçados como mineiro a céu aberto, recebeu transferência para uma fábrica. O esforço continuava grande, e a fome também, mas podia ao menos estar a coberto e, portanto, mitigar as consequências do frio no inverno e do calor do verão.

    Conta Allegri: “Aqui, às vezes, era obrigado a fazer turnos de noite. Se, por um lado, lhe pesavam por ter que deixar o pai sozinho em casa, por outro, lhe propiciavam mais calma e isolamento na fábrica. Um colega de trabalho contaria que frequentemente o via de joelhos por volta da meia-noite. Ou sentado entre as tubulações, ou ainda, encarapitado na plataforma do tanque da cadeira, lendo um livrinho sempre no bolso: O Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, de Grignion de Montfort”.

    Allegri revela que aquele foi um período marcado por importante reviravolta na vida espiritual do futuro Papa.

    Desde pequenino aprendera a cultivar uma terna devoção a Nossa Senhora. Afirma-se que teria sido sua mãe a lhe inculcar aquela devoção e que, depois da morte dela, se tornou ainda mais intensa em seu coração, quase por compensação. Wojtyla teria transferido à Mãe Celeste aquele afeto e ternura que não podia mais demonstrar à sua mãe terrena.

    Mesmo antes, ainda em Wadowice, ele já demonstrava seu amor à Santíssima Virgem ao inscrever-se na Congregação Mariana, uma associação masculina de jovens que se propunha difundir a devoção a Nossa Senhora, e da qual, aos quinze anos, se tornaria presidente.

    “Essa devoção, tão espontânea e, ao mesmo tempo, tão intensa, tinha provavelmente origens profundas e misteriosas. Ele então não sabia ainda, mas nós sabemos que, antes mesmo de ele vir ao mundo, Nossa Senhora falara a respeito dele com os três pastorinhos de Fátima. Tinha pois um grande plano em relação a ele, e por certo acompanhava com desvelo seu crescimento e sua formação.

    O próprio Papa, ao ter acesso ao Segredo de Fátima, após o atentado de 1981, e “reconhecendo-se” naquele “bispo vestido de branco”, que tomba sob os tiros dos soldados, se convenceu de que a sua vida fora guiada por Nossa Senhora.

    Fora um humilde alfaiate leigo, personagem estranho e misterioso, porém, místico de espírito iluminado chamado Jan Tyranowski, quem cumpriu importante papel no impulso devocional mariano ainda na adolescência de Wojtyla, convidando-o a participar de uma iniciativa espiritual denominada Rosário Vivo.

    “Foi ele que lhe sugeriu, naqueles anos de guerra, a leitura das obras do grande mariólogo francês São Luís Maria Grignion de Montfort, em especial o famosoTratado da verdadeira devoção, obra que ainda é fundamental na história da mariologia. Aquelas leituras o ajudaram a passar de uma devoção mariana instintiva para a teológica, que o acompanhará por toda a vida. Seus escritos marianos, discursos, exortações, documentos, encíclicas, se ressentem todos daquelas distantes leituras.

    “Todos sabem que o mote inscrito em seu brasão pontifício é Totus tuus (todo teu). A frase ocorre amiúde em seus discursos, foi proferida nos momentos mais dramáticos de sua vida, como o atentado de 1981, e se encontra gravada na parede do Palácio do Vaticano, sob a janela de seu gabinete de trabalho”.
    João Paulo II fez questão de sublinhar no livro Dom e Mistério. “Em Cracóvia —diz ali—, no período em que começava a delinear-se minha vocação sacerdotal, também graças ao influxo de Jan Tyranowski, a minha maneira de compreender o culto à Mãe de Deus sofreu uma certa mudança. Eu já estava convencido de que Maria nos leva a Cristo, mas naquele período comecei a compreender que também Cristo nos conduz à sua Mãe.

    “Houve um momento em que, de certa forma, questionei meu culto a Maria, temendo que ele, dilatando-se excessivamente, terminaria por comprometer a supremacia do culto devido a Cristo. Foi então que me veio em auxílio o livro de São Luís de Montfort —Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. Nele encontrei a resposta às minhas perplexidades. Sim, Maria nos aproxima de Cristo, nos conduz a ele, com a condição de vivermos o seu mistério em Cristo.

    “O tratado de Montfort pode nos perturbar com o seu estilo um tanto enfático e barroco, mas a essência das verdades teológicas nele contidas é incontestável. O autor é um teólogo de primeira. Seu pensamento mariológico encontra-se enraizado no Mistério trinitário e na verdade da encarnação do Verbo de Deus.

    “Compreendi então por que a Igreja recita o Ângelus três vezes ao dia. Compreendi quão cruciais são as palavras desta oração: “O anjo do Senhor anunciou a Maria. E Ela concebeu por obra do Espírito Santo. Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo tua palavra. E o Verbo se fez carne e veio habitar no meio de nós’... Palavras realmente decisivas! Elas expressam o núcleo do evento maior ocorrido ao longo da história humana.
    “Eis explicada a origem do Totus tuus. A expressão deriva de São Luís de Montfort. É a abreviação da entrega à Mãe de Deus, que soa assim: Totus tuus ego sum et omina mea tua sunt. Accipio te in mea omnia. Praebe mihi cor tuum, Maria (Sou todo teu, e teu é tudo o que possuo. Aceito-te como meu tudo. Dá-me teu coração, ó Maria).

    “Assim, graças a São Luís, comecei a descobrir os tesouros da devoção mariana, de pontos de vista em certo sentido novos: por exemplo, como criança eu ouvia as ‘horas da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria’, cantadas na igreja paroquial, mas somente depois me dei conta das riquezas teológicas e bíblicas nelas contidas. O mesmo aconteceu com os cantos populares, por exemplo, com os cantos natalinos poloneses e as Lamentações sobre a Paixão de Jesus Cristo na Quaresma, entre as quais ocupa um lugar especial o diálogo da alma com Nossa Senhora das Dores.

    “Com base nestas experiências espirituais foi-se delineando oitinerário de oração e de contemplação que haveria de orientar meus passos no caminho para o sacerdócio, e posteriormente, em todas as vicissitudes até hoje”.

    Em seu livro Os Tempos do Fim, Olivo Cesca lembra que o humilde alfaiate Tyranowski tornou-se assim um dos principais responsáveis pelo trabalho que, a partir do papa Wojtyla, se reiniciou na Igreja para dinamizar a piedade dos fiéis e devolver-lhe aquele rompante espontâneo de sentimento filial e restituir a Maria o lugar caloroso que sempre tivera no coração da Igreja e que começara a perder gradativamente a partir do Concílio Vaticano II. Como se recorda, a maioria dos padres conciliares se opusera à idéia de Paulo VI de dar a Maria o título formal de “Mãe da Igreja”, temendo que pudesse ferir certas sensibilidades ecumênicas.

    Por isso, a decisão de João Paulo II de engrandecer sistematicamente o culto a Maria escandalizou a não poucos católicos, que reagiram com irritação a este enfoque de “simples idolatria mariana” e a esta obsessão de apresentar Maria como o mais alto modelo da mulher. Para alguns, isto soava como uma tentativa de impor ao catolicismo uma religiosidade medieval, em descompasso com a modernidade.

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    Fontes de consulta:
    Os mistérios do Papa Wojtyla. Renzo Allegri. Editora Myriam. 2004.
    Os Tempos do Fim, Olivro Cesca. Editora Myriam.



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    Para citar este texto:
    A importância do Tratado da Verdadeira Devoção na vida e no pontificado de João Paulo II
    Perfeita Devoção
    http://www.perfeitadevocao.org/site/PerDev.php?id=18

    A PERFEITA DEVOÇÃO

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    A importância do Tratado da Verdadeira Devoção na vida e no pontificado de João Paulo II

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