Rodrigo Constantino
- Quem é presidente afinal?
- Os bons na política
- Lambança no Campus Fidei
Posted: 26 Jul 2013 08:00 AM PDT
Rodrigo Constantino
- Deu no Estadão: Dilma decide com Lula não mexer na gestão
Após longa conversa com ex-presidente, ela pediu ajuda para conter o racha entre PT e PMDB e concluiu que não fará mudanças sob pressão
A presidente Dilma Rousseff não cortará nenhum dos 39 ministérios nem pretende mexer no primeiro escalão agora. Em conversa de três horas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira, em Salvador, Dilma mostrou preocupação com a queda de popularidade do governo, registrada após as manifestações de rua de junho, mas disse que não vai ceder, nesse momento, a pressões por mudanças na equipe.
A portas fechadas houve muita reclamação sobre o comportamento do aliado PMDB e também do PT. Não foi só: Dilma pediu ajuda a Lula para "enquadrar" o PT, que, no seu diagnóstico, não está colaborando como deveria para defender o governo e o plebiscito da reforma política. Para a presidente, divisões na seara petista e o coro do "Volta Lula" prejudicam a governabilidade.
Embora os números da pesquisa CNI/Ibope só tenham sido divulgados ontem, Dilma e Lula sabiam na reunião que a rejeição aos políticos afetaria a avaliação não só da petista, mas também dos governadores. Apreensiva, a presidente chegou a perguntar a auxiliares qual seria a repercussão na mídia da má avaliação do governo, em meio à visita do papa Francisco ao Brasil.
O levantamento do Ibope mostra que o porcentual dos que consideram o governo Dilma "ótimo" ou bom" caiu de 55% para 31% em um período de um mês, após as manifestações de rua. Outros números indicam que a avaliação pessoal da presidente despencou de 71% para 45% e que metade dos entrevistados não confia nela.
Segundo o Estado apurou, Dilma e Lula expressaram contrariedade não só com o racha no PT, mas também com a atitude do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pregou publicamente o corte de ministérios como solução para a crise política. A avaliação reservada é a de que o PMDB quer "surfar" na onda dos protestos.
O ex-presidente Lula nunca soube manter uma postura republicana. Enquanto FHC tem sido exemplar em seu papel de ex-presidente, Lula parece ainda governar, e com o aval da própria presidente. Com esse tipo de atitude, os petistas não podem reclamar quando acusam a presidente de "poste", ou marionete. Quando a situação política esquenta, ela corre para o ex-presidente. Isso só enfraquece sua própria imagem perante o país e o Congresso.
Já sobre o corte de ministros, sendo oportunismo político do PMDB ou não, o fato é que só sob pressão popular essa reforma tem chance. Ao menos o PMDB leu melhor a mensagem das ruas do que a presidente e o PT, que tentaram tirar da gaveta um projeto de Constituinte ou plebiscito que estava pronto desde 2007. Cortar ministros seria uma mensagem simbólica bem mais forte do que propor um plebiscito para financiamento público de campanha.
É lamentável o papel da presidente Dilma nessa confusão toda. Se ela nunca mereceu a fama de estadista, agora ela merece mais que nunca a alcunha de marionete. A pergunta é legítima: quem é presidente afinal?
Posted: 26 Jul 2013 06:58 AM PDT
Rodrigo Constantino
Merval Pereira resumiu bem o discurso do Papa Francisco sobre a participação de bons cristãos na política, com P maiúsculo. Diz o jornalista:
O Papa Francisco fez ontem, na visita à favela da Varginha, seu discurso mais político, referindo-se às recentes manifestações ocorridas no país de maneira positiva, encorajando a que os jovens permaneçam na sua luta contra a corrupção. Com outras palavras, retomou análises que fizera anteriormente, desde que assumiu, sobre a nobreza da ação política. Para ele, envolver-se na política é a obrigação de um cristão, pois a ação política é "das formas mais altas de caridade".
A política com P maiúsculo, como definiu em outra ocasião, visa o bem comum e "nós cristãos não podemos fingir de Pilatos e lavar as mãos". Ontem, ele se referiu especialmente aos jovens que "possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio beneficio".
Mas o Papa instou a que "nunca desanimem, não percam a confiança", insistindo em que a ação política pode mudar a realidade, "o homem pode mudar". Em palestras anteriores na Itália, logo depois de ser eleito Papa, ele falou mais diretamente sobre a atividade política ao ser perguntado por um estudante jesuíta qual seria a atitude evangélica correta nos dias de hoje.
Eis um grande dilema para liberais: participar ou não do jogo político? Eu mesmo costumo sofrer pressão de leitores, e quando divulgo em meu canal que vem por aí uma grande novidade (vem uma na semana que vem!), muitos pensam que se trata de uma eventual candidatura. Qual deve ser a postura dos liberais, ou das pessoas decentes em geral, em relação a política?
Em minha opinião, elas devem participar, sim. Mas não é para todos. Atuar na política, ainda mais na nossa, demanda um estômago preparado, um grau de ética muito elevado, uma disposição de pagar um alto preço individual. Mas não sejamos ingênuos: não é possível simplesmente chegar lá e mudar "isso tudo que está aí".
Dito isso, em política não há vácuo. Se as pessoas melhores não participarem, as piores terão o caminho totalmente liberado. Facilitar o acesso a eles é a garantia de que a podridão não só vai se perpetuar, como aumentar. A vida em sociedade exige um espaço político; não podemos sonhar com a ausência dessa via, e adotar uma postura apolítica, ou pior, antipolítica.
Portanto, tendo a concordar com o Papa Francisco: as pessoas de bem deveriam tentar resgatar, sim, a ideia de nobreza da política, permitindo o retorno de figuras honradas a este importante ofício. Já as tivemos no passado.
Mas faço algumas ressalvas. Não podemos cair na ideia infantil de que seres "incorruptíveis" chegarão lá e, de cima para baixo, irão mexer em tudo e acabar com a sujeira toda. Liberais não podem ser tão ingênuos, pois entendem que o mecanismo de incentivos faz toda a diferença. Ou seja, temos que insistir, mais ainda, na luta no campo das ideias, para que o poder em si seja reduzido e descentralizado.
É preciso lembrar sempre que o poder para fazer o bem é, também, o poder para fazer o mal. E a probabilidade maior é de que esse poder seja tomado não pelos melhores, mas pelos piores, ou por gente que será corrompida pela tentação no processo. O poder deve ser menor. A via política deve ter seu escopo reduzido.
Concluo, então, endossando a fala do Papa Francisco, sobre a importância de se valorizar novamente a política com P maiúsculo, e ao mesmo tempo reforçando a bandeira liberal de que a guerra é cultural, de que o estado não deve ser visto como esse instrumento fantástico para fazer o bem, pois esse é o primeiro passo para instaurar o inferno por aqui.
Aqueles que não se interessam pela política serão governados pelos que se interessam. E tudo que o mal precisa para triunfar é que as pessoas de bem nada façam. Arnold Toynbee e Edmund Burke ou Platão fizeram alertas importantes.
Pessoas decentes do Brasil todo, uni-vos!
PS: De minha parte, adianto que não tenho interesse em participar da política por enquanto, pois prefiro atuar no campo das ideias. Mas o Partido Novo conta com meu total apoio, assim como faço novamente um apelo para que invistam em boas ideias; associem-se ao Instituto Liberal, que agora presido.
Posted: 26 Jul 2013 06:20 AM PDT
Fonte: O GLOBO
Rodrigo Constantino
Por ato falho, quase coloco Campus Fidel no título, logo após a palavra lambança. É que uma coisa me remete à outra. Mas é Campo Fidei mesmo, e a lambança não pode ser atribuída a São Pedro. Estamos falando da incompetência das autoridades cariocas. Deu no GLOBO:
Bem em frente ao Campus Fidei, em Guaratiba, a localização da birosca de Lauro dos Santos era considerada privilegiada. A proximidade com peregrinos representaria um aumento substancial de vendas e a chance de melhorar a qualidade de vida da família. Para reforçar o estoque, foi necessário contar com a ajuda de amigos e parentes, que emprestaram seus cartões de crédito para a compra de bebidas e alimentos. Nesta quinta, porém, o sonho de lucrar com a Jornada Mundial da Juventude virou um pesadelo. A transferência da programação da Zona Oeste para Copacabana deixou o comerciante com dívidas, e levou seus clientes para cerca de 50 km de distância dali.
— Esperava vender muito, mas agora só ficou o prejuízo — lamentou Santos. — Nem sei o que vou fazer agora.
O comerciante não foi o único atingido pela lama de Guaratiba, que impediu a realização do evento no bairro. Muitos de seus vizinhos conseguiram alugar suas casas para peregrinos, que não irão mais para o local. Além disso, centenas de pessoas arranjaram trabalhos temporários no Campus Fidei. Entre elas, a filha do dono da birosca, Cláudia dos Santos, que seria parte da equipe de limpeza para ganhar R$ 80 por dia nas madrugadas de amanhã a domingo.
— Estávamos contando com este dinheiro — disse Cláudia. — Durante meses aturamos os transtornos de morar do lado de uma obra enorme. Minha casa chegou a ficar rachada, alguns tijolos da obra que estou fazendo na laje até a caíram. Convivi com o barulho de geradores e máquinas. Apesar de tudo isso, não teremos nenhum benefício. É frustrante.
Realmente, é algo espantoso o governo preparar tudo ignorando a possibilidade de chuva! Qualquer um que trabalha com eventos coloca isso nos preparativos, sabe que precisa contar com o imprevisto. Um tablado suspenso para impedir o lamaçal, um toldo que proteja da chuva, essas seriam medidas de precaução que não poderiam ter faltado. Mas, pelo visto, consultaram o Cacique Cobra Coral e foram dormir tranquilos, seguros de que não iria chover. Como disse um dos entrevistados:
Será que eles não sabiam que existe chuva, que essa era uma área de mangue, e que poderia ter muita lama?
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