Beata Ana de S. Bartolomeu, Carmelita Descalça - Festa 7 de junho
É um satélite que se move por completo na órbita de Santa Teresa de Jesus. Tem com ela um ponto de contato excepcional: a vida de ambas está dominada pelos fenômenos místicos, constituindo válido testemunho da existência do sobrenatural, prova patente da presença de Deus no mundo das almas. Ambas nos descreveram as suas experiências. Teresa como mestra, com a exatidão e riqueza das suas minuciosas descrições; Ana com a simplicidade da sua mente inculta e campestre, mas com sinceridade encantadora.
Nasceu Ana em Almendral, aldeia da província de Toledo, no 1o de outubro de 1549, duma família cristã e campestre, de costumes austeros e profunda piedade, sendo a sexta entre sete irmãos. A sua vida fica marcada desde os alvores com o sinal do sobrenatural. E quando completou sete anos, encontravam-na consequência chorando e, perguntada pelo motivo, respondia: «Porque tenho medo de pecar e condenar-me».
Quando tinha apenas dez anos, perdeu os pais, e seus irmãos obrigaram-na a guardar o rebanho que a família possuía. Ana aprendeu, contatando com a natureza, a relacionar-se com Deus, a quem via presente na criação. Gostava de passar as horas mortas com o pensamento no céu, absorta em contemplação, e já desde essa altura se entranhou em contínuos colóquios com Jesus Cristo, que, segundo ela nos assegura, lhe aparecia continuamente em figura de menino que lhe falava. Sentia-O junto a si e tornava-O participante dos seus pensamentos e preocupações.
Quando tinha apenas dez anos, perdeu os pais, e seus irmãos obrigaram-na a guardar o rebanho que a família possuía. Ana aprendeu, contatando com a natureza, a relacionar-se com Deus, a quem via presente na criação. Gostava de passar as horas mortas com o pensamento no céu, absorta em contemplação, e já desde essa altura se entranhou em contínuos colóquios com Jesus Cristo, que, segundo ela nos assegura, lhe aparecia continuamente em figura de menino que lhe falava. Sentia-O junto a si e tornava-O participante dos seus pensamentos e preocupações.
Ao chegar aos 21 anos, os irmãos quiseram casá-la e buscaram-lhe para marido um moço galhardo e de boa posição. Durante muito tempo continuou a insistência dos seus familiares e foi tanta a guerra que lhe fizeram que faltou muito pouco para que se rendesse: «Se eu encontrasse um homem muito rico, muito agradável, muito santo e que me ajudasse para o serviço de Deus, gostaria de tal companhia». Mas Cristo, que na sua infância se lhe fazia sentir como menino, mostrou-se lhe agora com traços juvenis e sussurrou-lhe ao ouvido: “Eu sou quem tu queres e comigo te hás-de desposar” e desapareceu.
Desde então, todos os seus pensamentos e desejos se encaminharam para o claustro e, por conselho do confessor, dirigiu-se para o convento de S. José de Ávila, pedindo ser admitida entre as filhas de Santa Teresa.
A Beata não sabia ler nem escrever, o que trazia grande inconveniente para ser admitida, não podendo tomar parte no coro. Mas a santa Madre, que nunca tinha querido admitir analfabetas nos seus conventos, fez uma exceção com ela, para não perder uma vocação tão privilegiada, e recebeu-a para «freira», como se dizia, sendo a primeira analfabeta entre as descalças. Questão económica não existiu, porque trouxe o dote correspondente.
No convento impôs-lhe o Senhor duras provas espirituais, retirando-lhe o suave sentimento da sua presença e apresentando-se lhe como Cristo doloroso que a convidava a caminhar pela senda da cruz. Numa visão mostrou-Se aflitíssimo e descarregou-lhe no coração a pena que sentia: «Olha para as almas que se Me perdem! Ajuda-Me. Mostrou-me a França como se estivesse presente ali, e milhões de almas que se perdiam nas heresias».
Desde então, todos os seus pensamentos e desejos se encaminharam para o claustro e, por conselho do confessor, dirigiu-se para o convento de S. José de Ávila, pedindo ser admitida entre as filhas de Santa Teresa.
A Beata não sabia ler nem escrever, o que trazia grande inconveniente para ser admitida, não podendo tomar parte no coro. Mas a santa Madre, que nunca tinha querido admitir analfabetas nos seus conventos, fez uma exceção com ela, para não perder uma vocação tão privilegiada, e recebeu-a para «freira», como se dizia, sendo a primeira analfabeta entre as descalças. Questão económica não existiu, porque trouxe o dote correspondente.
No convento impôs-lhe o Senhor duras provas espirituais, retirando-lhe o suave sentimento da sua presença e apresentando-se lhe como Cristo doloroso que a convidava a caminhar pela senda da cruz. Numa visão mostrou-Se aflitíssimo e descarregou-lhe no coração a pena que sentia: «Olha para as almas que se Me perdem! Ajuda-Me. Mostrou-me a França como se estivesse presente ali, e milhões de almas que se perdiam nas heresias».
Deus provou-a com graves doenças, efeito da sua vida de oração, em que passava mesmo as horas da noite, e não era muito robusta. Mas um dia a Madre Teresa, encontrando-se enferma a nossa Beata, ordenou-lhe por obediência que se transformasse em enfermeira das demais e, vencendo ela a sua debilidade, mostrou tal empenho no ofício que se transformou em «Prioresa das noviças», como gentilmente lhe chamava Santa Teresa.
Foi a Santa quem lhe moldou o espírito com ensinamentos e familiaridade, pois converteu-a em sua confidente, sua enfermeira, sua ajudante na cela e até sua secretária. Ela mesma confessa: «A Santa estava já tão habituada aos meus pobres e grosseiros serviços, que não se podia ver sem mim».
Como a Beata Ana não sabia escrever, lamentava-se Teresa disso, porque desejava que a ajudasse a despachar a sua abundante correspondência. Para dar gosto à Madre, empenhou-se com tal entusiasmo em aprender a escrever, que chegou a isso apenas copiando a letra da Santa. E conseguiu-o com tal rapidez, que todos o tomaram como verdadeiro milagre.
Quando em 1579 foi autorizado de novo a Santa Teresa retomar a visita dos seus conventos e a sua atividade de fundadora - depois do imposto repouso de dois anos em Ávila - quis levar como companheira a Beata Ana de S. Bartolomeu, que andou com ela nas últimas peregrinações, as mais duras e trabalhosas, através de todos os caminhos de Castela. À pena da Beata devemos as vivas descrições destes trabalhos, que são complemento dos que traça Teresa no Livro das Fundações.
Ana acompanhou-a em três fundações, e a sua presença tomou-se tão necessária à Santa que esta não sabia pôr-se a caminho sem ter a sua companhia.
Na última doença de Santa Teresa, a Beata não se apartou do seu lado, esquecendo-se de comer e dormir; e tal era a consolação que lhe dava ver-se por ela atendida que, ao apartarem-se, reclamava insistentemente a sua presença. Acompanhou-a na agonia e conservou reclinada em suas mãos a cabeça da santa Madre, até que nelas expirou.
Falecida a Santa, converteu-se Ana em oráculo para as descalças, que a ela acudiam na ambição de conhecer pormenores da vida e do ensino da sua Madre, que ela melhor que ninguém conhecia.
Quando o Cardeal de Bérulle veio a Espanha para levar a França um grupo de carmelitas, recordou-se Ana da revelação que, a respeito da França, lhe tinha comunicado o Senhor em tempos passados, e dos desejos de Santa Teresa. Acolheu ela a ida com entusiasmo, formando parte da primeira expedição.
Na França, obrigaram-na os Superiores a tomar o véu preto de corista e nomearam-na prioresa, primeiro de Pontoise e depois de Paris. A Madre Ana teve de habituar-se ao trato com as damas e as personagens da corte, que entraram na moda de visitar as descalças e sujeitar-se à direção das mesmas. As primeiras vocações francesas para o Carmo pertenciam à nobreza, e foi Ana encarregada da formação delas, transfundindo para as mesmas o espírito teresiano de que o seu transbordava.
Chegou à Bélgica aos 63 anos de idade e foram os anos que lá viveu, até à morte, os mais fecundos que teve na vida. A sua recordação anda unida na Bélgica com a fundação de Antuérpia, por ela realizada, fundação que depressa se converteu em potente fogo de irradiação espiritual. Da grade do locutório e através da correspondência, exerceu poderosa influência sobre a sociedade belga, colaborando no desenvolvimento da espiritualidade e vida de oração entre aquelas gentes, que se distinguiram sempre entre as mais dispostas para a vida sobrenatural.
Quando Maurício de Nassau intentou por três vezes tomar por surpresa a fortaleza de Antuérpia, a população atribuiu às orações da Beata e das suas religiosas a libertação, e a infanta e os generais vieram ao locutório agradecer-lhes a intervenção.
Morreu a Beata Ana de S. Bartolomeu a 7 de junho de 1626, precisamente no dia da Santíssima Trindade, cuja presença sentiu de maneira especial na alma durante os últimos anos da existência.
A memória dela perdura viva no Carmo e na cidade de Antuérpia, que nos dias terríveis da guerra mundial voltou a recomendar-se a ela, atribuindo à sua mediação protetora ter-se visto livre da destruição. Foi beatificada em 1917 pelo papa Bento XV.
Fonte: Pe. José Leite S.J., Santos de cada dia
Fonte: Pe. José Leite S.J., Santos de cada dia
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