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    sábado, 9 de junho de 2012

    A Verdadeira Liberdade



    A Verdadeira Liberdade

      Por Arcebispo Fulton Sheen


    Adaptação do Livro: O problema da Liberdade


    Vimos antes:

    1 -  Os direitos da religião

    2 - A Religião do Mundo Moderno


    Agora veremos  qual o verdadeiro conceito de liberdade:
    Dois erros devem ser evitados para entende-la bem: Um que esquece a finalidade da liberdade,(somos livres para ir ao céu, este é nosso objetivo), o outro que pretende que a liberdade reside apenas na coletividade e não no homem. Se evitarmos essas duas posições extremas, a de um liberalismo moribundo e  a de uma crescente ditadura, chegaremos a mais positiva e exata ideia de liberdade. Ela portanto, não é o "direito"de fazer o que me pareça, nem é a necessidade de fazer o que quer  que o ditador me imponha: ao contrário, a liberdade é o " direito de fazer o que eu devo".

    Nessas três expressões " querer", " ser necessariamente" e "dever" estão contidas as três opções que se oferecem ao mundo moderno. Das três escolhemos "dever".
    Dever significa que o homem é livre.O fogo é necessariamente quente, o gelo é necessariamente frio, mas o homem deve ser bom. A verdadeira liberdade está condicionada ao que devo fazer e no que devo ser, é para que devo fazer e para que devo ser. Todo dever, portanto, implica numa finalidade. Para o homem exercer plenamente sua liberdade deve saber que por trás dos pequenos "devos" da vida, há um supremo "devo" que quer dizer: "devo alcançar o fim para que fui criada"
    Atrás de todas as finalidades há uma grande finalidade, dada em resposta à pergunta: " Por que existo?". Enquanto não se responde a ela, nenhuma há que mereça resposta, e o modo como a respondemos determinará o rumo de nossa vida e o destino no outro.No entanto, muitos vivem como se esta pergunta não devesse ser feita e de fato não há fazem, tornando sua existência aqui totalmente sem rumo e sem objetivo. Esta pessoa não pode falar de liberdade, por nunca usará sua vida para o fim a que ela foi destinada.
    Deus nos criou para conhece-LO, ama-LO e servi_LO neste mundo e ser eternamente feliz com Ele no outro. Desde que o dever do Homem é o aperfeiçoamento de sua personalidade em suas virtudes, mais alta pela união eterna coma Vida-Perfeita, a Verdade e o Amor que é Deus, segue-se que a liberdade tem algo a fazer na escolha dos meios para realizar tal finalidade, ou rejeita-la inteiramente. Assim pode um homem decidir salvar sua alma ou ter a decisão de não salvar sua alma de jeito nenhum.
    Qual é porém, a mais elevada espécie de liberdade? Fazer o que devo, isto é, obedecer a minha consciência e salvar a minha alma, ou fazer tudo o que eu queira seja bom ou mau? São ambas aspectos da liberdade, pois alguém pode se fazer santo pela mesmo vontade porque pode tornar-se um demônio. Fazer o que "devemos" é uma forma mais elevada de liberdade do que fazer o que " queremos", porque a primeira conduz ao perfeito desenvolvimento de nossa personalidade e a última a sua sujeição.
    Toda liberdade usada erradamente, acaba por tornar o homem escravo. Escolhe mal, age mal e fica escravo da vontade enfraquecida que não consegue mais optar pelo bem. O erro cometido pela sociedade  moderna é pensar que liberdade significa independência da lei e que infringir as leis de Deus é uma forma de "afirmação da personalidade"
    Liberdade não significa, portanto, ilegalidade. Pelo contrário, ela está condicionada á obediência, à lei. Liberdade fora da lei não existe, só existe liberdade dentro da lei, seja ela científica, natural, humana ou divina.
    Assim se dá com a lei moral: somos verdadeiramente livres quando obedecemos à finalidade ou à lei para que fomos criados, qual seja o desdobramento e desenvolvimento de nossa  personalidade para a nossa eterna felicidade em Deus. Temos a liberdade de ignorar a lei moral: de beber em excesso, de roubar, de matar, de ser adúlteros, de sacudir os punhos com ódio, tal como temos liberdade de ignorar a lei da gravitação, mas toda veze que a ignoramos, ou diminuímos ou destruímos a nossa liberdade.
    Deus implantou na natureza humana e em Sua Igreja as leis que nos permitem realizar a finalidade da vida e atingir os mais altos objetivos. Essas leis não são represas que detém o progresso; são diques que impedem que as águas do egoísmo e da concupiscência invadam a terra. Se as obedecer ou fizer o que devo, serei livre.
    Pecar que é o desprezo da finalidade e da lei da vida, não é prova de liberdade, é o começo da escravidão, porque, como disse Nosso Senhor Jesus, " todo aquele que comete pecado, é escravo do pecado" ( S.Jo, VIII,34)
    A liberdade não é um mero direito constitucional, nem um direito natural; nem um direito humano, nem tampouco um direito social; é acima de tudo o mais, um direito espiritual. O liberalismo e as ditaduras devem todos reconhecer o seu erro, onde se esquecem a finalidade do homem. Todos devem entender que liberdade nunca deve significar liberdade para sim mesmo e escravidão para os outros, nem que os fortes tem liberdade de afirmar seus direitos, ou que os fracos tem liberdade de ser indefesos.
    As ditaduras devem entender que a liberdade não está no Estado, nem na coletividade, nem na raça, nem na classe - está no homem, entronizada em cada pessoa, no tabernáculo de cada alma, como um dom de Deus e nenhum Estado pode tira-la daí.
    A liberdade liberal, que ama a liberdade em seu próprio eu egoísta, criou monstruosas injustiças econômicas. a liberdade da ditadura, no seu eu coletivo,  criou a escravidão.  O liberalismo não foi o berço da liberdade e a ditadura não é a sua descoberta. A liberdade já tinha suas raízes na natureza espiritual do homem antes que existisse um liberal, um democrata, um fascista soviético ou comunista.
    A liberdade não surgiu de nenhuma organização social nem de nenhuma constituição ou partido, mas da  alma do homem. Os comunistas gabam-se de estar restaurando a liberdade ao elevar o homem acima de coletividade, os liberais gabam-se de estar preservando a liberdade  ao darem mais completa satisfação aos apetites materiais. Os comunistas e os liberais devem aprender que não são eles que dão liberdade ao homem, mas o homem é lhes dá sua liberdade.Que o homem entenda que as raízes de sua liberdade estão em seu destino de criatura feita á imagem e semelhança de Deus.
    Há muito que vivemos na suposição de que, se fossemos livres, descobriríamos a Verdade. Jesus Cristo apresentou-nos isso às avessas: " A Verdade vos libertará" Isso significa que a verdadeira libertação vem do conhecimento da finalidade e do destino do homem. Nossa indiferença a Verdade resultou na perda da paixão pela Verdade. O resultado é que são hoje muito poucos os ideais porque o homem quira morrer, ou mesmo se sacrificar.
    Nosso falso espírito de tolerância - que ao menos saibamos -, nasceu na nossa perda da fé, da nossa incerteza. Por termos perdido a paixão pela verdade, pela justiça e pela honra, a letargia e a apatia apoderaram-se de tal modo de nossa civilização que encontramos dificuldades em preservar até mesmo a lealdade nos atos da vida cotidiana. Não sentimos entusiasmo pelas grandes causas nem ódio pelo mal, atiramos fora os nossos roteiros da vida e não sabemos que caminho tomar. É horrível de contemplar, mas é provável não haver no mundo bastante amor pela Verdade para lançar o grito de uma Cruzada.
    Essa perda de entusiamo pelo bem tem permitido que o mal e a irreligião se propaguem como uma peste. Todas as ideologias, como nazismo e comunismo, procuram confinar a finalidade do homem dentro dos limites acidentais do sangue e do partido. Forçado o homem a render-se à sua suprema autoridade, desligaram o homem daqueles mesmos fins a que a irreligião já o tornara indiferente.
    O resultado é que o homem do mundo atirou poeira em seus próprios olhos e, cego, não mais pode ver encontrar o caminho que o leva de volta à casa. Disseram-lhe que a religião é um ópio, seu destino eterno uma lenga lenga teológica, e que se desvencilhasse de suas obrigações e aborrecimentos, poderia fazer deste mundo um paraíso. Como um idiota, ele assim o fez, mas em vez de ver  sua vida material enriquecida, acabou por ver-se mais pobre e o pior, sem o consolo da esperança de alguma coisa para além da morte.

    Por nenhum outro meio se poderá por cobro a essa traição da liberdade senão pela pregação cristã sobre a finalidade do homem, qual seja o desdobramento social, econômico e político de sua personalidade neste mundo e sua plenitude espiritual no outro. Deus poderia salvar-nos do caos e da escravidão pela força, mas seria isso a destruição da liberdade.

    Deus aguarda a livre e espontânea resposta do homem ao Seu chamamento e por isso é que Seu último adeus ao mundo partiu do desamparo e abandono da Cruz, onde apenas Seus olhos podiam convidar-nos ao suave ideal da vida. Foi mesmo por amor da liberdade, indulgente para com os maiores malfeitores. Tal liberdade não é a liberdade indiferente à verdade, nem tolerante com a inverdade, mas a liberdade que crê numa verdade tão santa que bem vale a morte numa Cruz.

    A fé na verdade do Calvário é a fé na liberdade do homem. Só aos pés dessa Cruz compreenderá o homem que a liberdade não está na libertação ante a verdade, nem na violenta sujeição a ela, mas no abraço amorável de uma alma que compreendeu a sua finalidade e clama das profundezas de um coração abrasado pela verdade: "Sou tua, ó Deus! Socorre-me a mim a quem Tu criaste!"

    Fonte: O problema da Liberdade.

    Depois veremos: A garantia econômica da liberdade humana.

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    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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