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    22/07/2013 - 23:14
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    Rio de Janeiro
    • Protesto no Palácio Guanabara teve tumulto após a saída do pontífice, com lançamento de bombas por manifestantes e pela polícia. Mais manifestações estão previstas para as aparições públicas de Francisco

    • Carolina Farina, Cecília Ritto, Pâmela Oliveira e Leslie Leitão


















































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    • Papa Francisco acena para fiéis durante visita ao Rio de Janeiro - Bruno Turano/Eleven/Folhapress
    O papa teve o primeiro contato com os brasileiros na rua, como queria. Mas a segurança não conseguiu mantê-lo dentro do roteiro proposto, como se previa. Francisco chegou ao Rio recepcionado por uma multidão calorosa. Desvencilhou-se rapidamente da fila de autoridades na Base Aérea do Galeão, embarcou em um carro sem requinte e percorreu o caminho até o Centro. De vidros abertos, o primeiro papa latino-americano acenava o tempo todo, e manteve a janela abaixada até nos momentos em que uma pequena multidão se espremia para enxergá-lo dentro do Fiat Idea. Com mais sorte que planejamento, o deslocamento do pontífice se deu sem problemas até o Centro. Mas outro problema, este já na conta de fatos inevitáveis das autoridades locais, acabou se confirmando: depois da saída do papa, um novo tumulto entre manifestantes e policiais aconteceu no Guanabara, com feridos e presos.

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    Os primeiros momentos do papa Francisco no Brasil só não foram tranquilos para a segurança. No trajeto até o Centro, pela pista lateral da Avenida Francisco Bicalho, onde estava a multidão, ele foi saudado e acabou preso em um congestionamento. O caminho não era o previsto pelas autoridades de segurança, mas acabou sendo adotado na hora com aval da Polícia Federal. A partir da Catedral Metropolitana, Francisco seguiu no papamóvel, para um rápido passeio até o Theatro Municipal e, de lá, novamente no Fiat até o Aeroporto Santos Dumont, de onde foi levado de helicóptero para o Palácio Guanabara, sede do governo do estado.



    A quebra de protocolo desde os primeiros momentos da viagem obrigou a segurança a redobrar a atenção. E é só o começo: estão previstas manifestações para todos os eventos com a aparição do pontífice em público. No início da noite, pouco depois das 18 horas, manifestantes que se concentravam no Largo do Machado chegaram até onde era possível nas imediações do Palácio Guabanara. Ficaram retidos no bloqueio na esquina da Rua Pinheiro Machado, onde está localizada a sede do governo estadual, com a Álvaro Chaves, onde fica a sede do Fluminense, usada para pouso do helicóptero que levaria o papa até o Sumaré, onde fica hospedado até domingo. Era este o ponto em que o ajuntamento destoava da calorosa e pacífica recepção ao pontífice. O blindado ‘Caveirão’, do Batalhão de Operações Especiais da PM, foi deslocado para o mesmo local, assim como o carro que lança jatos d’água para dispersar multidões. Um boneco de pano, simbolizando o governador Sérgio Cabral, foi incendiado pendurado a um poste, junto a um posto de gasolina. Nos prédios vizinhos, projeções de imagens de protesto ocorriam desde o início da noite. Uma delas, perguntava “Cadê Amarildo?”, numa referência ao pedreiro Amarildo Souza Lima, desaparecido da Rocinha desde o último dia 14, quando foi abordado por policiais militares. Pela primeira vez, aliás, um grito superou o de “Fora Cabral”, como voz mais ouvida na manifestação.



    Tumulto – O clima se manteve pacífico até às 19h45. No momento exato em que o papa chegava à Residência Assunção, no Sumaré, para pernoitar, começou o confronto entre manifestantes e policiais nas imediações do Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador estadual que passa por reformas. Foram lançadas bombas de efeito moral e houve correria. Repórteres do site de VEJA presenciaram o momento do lançamento de duas bombas caseiras de um grupo em direção à PM. Pelo menos um policial sofreu queimaduras e foi levado para um hospital próximo.

    A Secretaria Municipal de Saúde informou que cinco feridos foram atendidos no Hospital Souza Aguiar, no Centro. Dois foram atingidos por balas de borracha e outros dois estavam com traumas na face e na mão. O quinto paciente estava com um ferimento na perna cuja causa não foi identificada. Exames não encontraram sinais de projétil. A PM negou ter usado armas letais no protesto.

    Pelo Twitter, a Polícia Militar informou a prisão de cinco pessoas: um por desacato, três com coquetéis molotov e um por atirar pedras em policiais. Dois integrantes do grupo Mídia Ninja, que cobre os protestos do lado dos manifestantes, também foram detidos, acusados de incitar violência, mas liberados pouco depois, diante de gritos à porta da delegacia. No fim da noite, a Polícia Civil enviou um balanço informando a prisão de duas pessoas, a apreensão de um menor e a autuação de outras cinco pessoas na 9ª DP (Catete). Houve, ainda, a apreensão de onze coquetéis molotov.

    Os protestos da noite de segunda-feira prenunciam momentos delicados para a segurança de Francisco nos eventos de Copacabana e de Guaratiba. A expectativa de ter entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas torna mais difícil o trabalho dos policiais, que poderão barrar alguns grupos isolados, mas dificilmente terão como controlar manifestantes que queiram levantar palavras de ordem ou, como em quase todas as manifestações, estejam dispostos a confrontos violentos.

    Através de seu porta-voz, o pontífice afirmou, logo depois de se retirar para a Residência Assunção, que não ficou assustado com o assédio da multidão. O mesmo não se pode dizer de quem cuida da segurança da comitiva.






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