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    domingo, 3 de junho de 2012

    Do Mistério da Trindade III - Analogias da Trindade na Criação



    Do Mistério da Trindade III - Analogias da Trindade na Criação


    O misterioso número três acha-se por toda a parte: 
    1º nas ciências; 
    2º nas regras da linguagem; 
    3º na natureza material; 
    4º principalmente na alma humana, que é uma imagem e um reflexo da Trindade.
    Dir-se-ia que Deus gravou a imagem da Trindade em todas as suas obras. Gênios de primeira ordem julgaram achá-la mesmo no mundo das abstrações matemáticas, em que entram sempre três termos, isto é, duas grandezas e uma relação. O número três parece, em aritmética, o número por excelência que não é gerado e gera todas as frações. Sem dúvida, não se deveria levar muito longe a mania das comparações, nem aceitar como decisivas as relações que espíritos engenhosos ou sutis julgaram achar entre o mistério da Trindade e as figuras da geometria. Mas será por acaso que todos ou quase todos os povos tiveram a idéia original de fazer do triângulo do símbolo matemático da essência divina? Será por acaso que tantos gênios julgaram descobrir na esfera o símbolo mais acabado da perfeição divina? Pascal não fez mais que traduzir um filósofo grego ao nomear Deus "uma esfera cujo centro acha-se em toda a parte e a circunferência em nenhum lugar". E Kepler compôs um livro inteiro sob o seguinte título: De adumbratione Trinitatis in sphoerico. Nesta figura única encontram-se três elementos sobre os quais trabalha toda a ciência geométrica: o centro, o raio, a circunferência.
    Mas deixemos de lado a região da abstração pura; limitemo-nos a algumas verificações na ordem das diversas ciências humanas.
    1º O número três se encontra na divisão de todas as ciências: 
    Nas ciências naturais distinguem-se três reinos: mineral, vegetal e animal; no mineral, três estados: sólido, líquido, gazoso; no reino vegetal, três termos usados na classificação: ervas, arbustos, árvores; no reino animal, três lugares onde vivem os seres: a terra, a água, o ar.
    Nas ciências físicas, três agentes principais: a luz, o calor, a eletricidade.
    Nas ciências mecânicas, três coisas na mesma força: o ponto de apoio, a direção, a intensidade.
    Nas ciências médicas, na vida física do homem, três funções principais: a respiração, a circulação e a digestão. 
    No estudo das ciências morais, na alma humana, a psicologia distingue três faculdades: a sensibilidade, a inteligência, a vontade. - Por sua vez, a sensibilidade é física, moral, ou intelectual; ao estudo, a inteligência oferece fenômenos de razão, de juízo, de consciência; a vontade apresenta três aspectos ao nosso exame acurado: o instinto, o hábito e a atividade livre.
    2º Se considerarmos as regras da linguagem e do discurso, notaremos que o silogismo, que resume o pensamento, contém três proposições: a maior, a menor, a conclusão. - Na proposição, há três termos: o sujeito, o verbo e o atributo. - No No verbo, três tempos principais: o passado, o presente, o futuro. - Em cada tempo, três pessoas: a primeira, que fala; a segunda, com quem se fala; a terceira, de quem se fala.
    3º Se interrogarmos a criação material, no fundo de todos os seres, achamos três coisas: o substratum, ou substância; o modo, ou forma revestida pela substância; a atividade, fatal ou livre. - Esse tríplice íntima de Deus, essência divina, manifestando-se no seu verbo e agindo na criação? - Além disso, toda a matéria, qualquer que seja a sua forma, tem três dimensões: comprimento, largura, profundidade, supondo-se mutuamente pra formar um só corpo.
    A unidade na Trindade acha-se ainda no raio de sol, que é luz, calor e força; nas três cores primitivas do prisma: vermelho, amarelo e azul; nas três notas formando a consonância perfeita de todas as escalas. - Acha-se no mistério da geração, que implica três indivíduos; na família, que tem três elementos: o pai, a mãe, o filho; na sociedade, que compreende a autoridade, o ministro, o súdito.
    4º Mas a imagem da Trindade acha-se particularmente na alma humana, que Deus fez à sua semelhança; oferece-nos ela o eterno desabrochar da unidade na triplicidade, que é o mistério mesmo da nossa vida. Há no homem três faculdades muito distintas: a inteligência, o pensamento e o amor; contudo não são três almas que possuímos, mas uma só alma dotada de razão, diz santo Agostinho. Ora escutemos como os gênios cristãos viram nesta alma a imagem da Trindade, e ao mesmo tempo alguma explicação racional do mistério de três pessoas em um só Deus. Em primeiro lugar, a nossa alma existe e tem consciência da sua existência e da sua força; depois há alguma coisa que ela sabe: é o seu pensamento, distinto dela mesma. Ao mesmo tempo que a alma produz o seu pensamento, realiza mais um ato, não menos necessário que o primeiro: ama este pensamento, filho da sua inteligência. Dessa maneira, a nossa alma se revela ao mesmo tempo como princípio, pensamento, e como amor. Contudo essas três coisas distintas permanecem unidas, não formando mais que um só eu, um e indivisível. Ora, dá-se o mesmo, embora de modo mais perfeito, com a natureza divina. Deus o Pai existe desde toda a eternidade; contemplando-se e conhecendo-se a si mesmo nas suas perfeições infinitas, produz o seu pensamento: é o seu Verbo ou seu Filho, gerado de toda a eternidade, Deus como ele. Mas assim como a nossa alma afeiçoa o seu pensamento, assim também, Deus, de toda a eternidade, não deixou de conhecer e amar o seu Verbo, nem de ser conhecido e amado por ele. Deste amor eterno procede eternamente uma terceira pessoa, Deus como o Pai e o Filho. E da mesma forma que no homem, fora da inteligência, não há mais que o pensamento e o amor, em Deus, fora da inteligência infinita, princípio da augusta Trindade, não há mais que o Verbo e o Espírito Santo.
    Nossa alma é portanto a imagem mais notável da Trindade que Deus tenha colocado nas suas obras, para nos dar uma idéia da maneira como que estas três coisas: princípio, pensamento, amor, podem chegar nele até a personalidade e constituir a unidade infinita da sua natureza.
    Mons. Cauly. Curso de Instrução Religiosa. Apologética Cristã, Tomo IV. 

    Do Mistério da SS. Trindade II - A Razão em frente do Mistério da Trindade


    I. Solução das dificuldades levantadas em nome da razão: 1º princípio de contradição; 2º princípio de identidade.
    II. Introduções muito legítimas baseadas sobre a razão humana.
    I. Confessemos, antes de tudo, que a Trindade é o mistério dos mistérios, porque esta palavra exprime o que há de mais essencialmente oculto e mais necessariamente incompreensível: a vida íntima de Deus. A razão não tentou compreender este dogma. Um dia o gênio de santo Agostinho quis penetrar naqueles abismos insondáveis, mas um anjo de Deus vem lembrar-lhe a sua impotência e fraqueza e fazê-lo desistir da sua louca empresa. Com efeito, que somos nós para pretendermos perscrutar o infinito? A razão humana, todas as vezes que tentou esta experiência, só conseguiu transviar-se. Não procuraremos pois demonstrar racionalmente a verdade deste dogma; pretendemos, porém, que é impossível provar racionalmente que é falso. Até acrescentamos que a verdadeira razão propende mais em acreditá-lo do que em rejeitá-lo.
    Quais são, em primeiro lugar, as razões invocadas contra o mistério da Trindade? Opõem-se duas: o princípio de contradição, e o princípio de identidade.
    1º O racionalismo alega o princípio de contradição: "um não pode ser três; três não podem ser um." É tão absurdo como dizer que 1+1+1=1.
    Mas quando é que o catolicismo sustentou semelhante afirmação? O catolicismo diz: "Um Deus em três pessoas; três pessoas, isto é, três individualidades realmente subsistentes, inteligentes e distintas, em uma só essência ou natureza divina". Onde está a contradição? Por acaso os teólogos, enveredando pela mesma senda que os filósofos, entendem como estes o sentido das palavras: essência e pessoa? De certo que não; acham, e com razão, uma distinção entre a natureza e a personalidade. Se realmente essas duas palavras exprimissem a mesma idéia, então sim, haveria contradição. Mas tal não se dá, e afirmamos, com muita razão, que podem existir três pessoas na unidade de substância, assim como no homem, duas substâncias - a alma e o corpo - existem na unidade de pessoa.
    2º Opõe-se ao mistério da Trindade este princípio em que se baseia toda a lógica e toda a ciência: "Várias coisas idênticas a outra são idênticas entre si." É o princípio da identidade. Ora diz-se, se o Pai é Deus, se o Filho é Deus, se o Espírito Santo é Deus, em uma palavra se estas três pessoas são idênticas à divindade, são também idênticas entre si, e então as pessoas não são mais distintas entre si, e não há mais Trindade. - Mas esse raciocínio cabe por causa de uma distinção muito simples: várias coisas idênticas a outra são idênticas entre si, à condição que a sua identidade seja absoluta, e no mesmo ponto de vista; se não for assim, é claro que não se poderá deduzir que sejam idênticas entre si. Assim, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são idênticos à divindade a respeito da natureza divina, mas não o são a respeito da personalidade, pois que têm, cada um, alguma coisa que os distingue. O Pai gera e não é gerado; o Filho é gerado do Pai, e dele, assim como do Pai, procede o Espírito Santo; o Espírito Santo não é gerado mas procede simultaneamente do Pai e do Filho e não gera ninguém. Há portanto entre as três pessoas divinas caracteres diferentes de personalidade, e não identidade absoluta.
    Por conseguinte não há, contra o mistério da Trindade, princípio algum evidente para o apresentar como contraditório ou impossível. A razão não o compreende, mas não o pode confundir nem depreciar.
    II. Acrescentaremos até que a razão, sem o demonstrar positivamente, predispõe-nos à afirmação deste grande mistério. Com efeito, Deus possui eminentemente as perfeições que se encontram nas suas criaturas. Ora, na criação inteira, há um princípio de atividade e vida que se traduz pela fecundidade. O vegetal vive e se reproduz fatalmente; o animal move-se e reproduz-se espontaneamente num ser distinto e semelhante a si mesmo; a alma humana procede com inteligência e se reproduz nas suas obras. Mas, antes de aparecer fora nas suas obras, produz interiormente uma imagem de si mesma, gera a seu modo a sua expressão e o seu verbo, sem fazer, é verdade, do seu pensamento e da sua imagem uma pessoa igual a si mesma: contudo aí está a mais sublime fecundidade nos seres criados.
    Ora, não nos convida a razão a supor em Deus uma fecundidade análoga, mas superior? Se tantos seres têm o poder de produzir por fora um ser semelhante a si mesmos, por que o Infinito não teria o poder de gerar o seu semelhante, igual a si próprio? E se a alma tem o poder de produzir, com o seu pensamento, uma imagem de si mesma, e verdadeiramente distinta de si mesma; se produz, com a sua vontade, o amor de uma e de outra; se esse pensamento e essa vontade, unidos ao princípio de que dimanam, têm entre si uma distinção real, por que, quando se trata do Infinito, essa distinção e essa relação não atingiriam o mais alto grau que se possa conceber, isto é, a personalidade mesma? Pouco importa que o mistério dessa fecundidade nos escape, contanto que a nossa razão o conceba e nos incline a aceitá-lo.
    Não só a razão nos fornece essa indução; mas cultivada pela fé e sob a inspiração do gênio, chega a dar-nos uma idéia desta fecundidade, mostrando a Trindade católica.
    Com efeito, Deus é ativo; por conseguinte, pode produzir. Mas Deus é necessariamente ativo, portanto produz necessariamente alguma coisa. É infinitamente ativo, pois o que ele produz é necessariamente infinito. Ora, não há nada necessário e infinito, senão Deus: por conseguinte, o que Deus produz necessária, infinitamente, é uma operação ad intra. Mas todas as suas operações ad intra são eternas, necessárias, infinitas: portanto, essas produções de Deus serão eternas, necessárias, infinitas e terão por termo a mesma essência divina. Ora, a essência divina é única, infinita, individual: logo, o termo da produção será único, infinito, individual e, por conseguinte, idêntico a Deus.
    Mas quantas produções ad intra se devem admitir em Deus? A razão nos ensina que se podem admitir duas, e somente duas. Com efeito, o amor é posterior ao conhecimento, e o conhecimento posterior à atividade, pois o exercício supõe a faculdade.
    Baseando-se neste princípio, a razão admite que Deus se conhece tal qual é; mas é infinito: portanto conhece a si mesmo de modo infinito, e este conhecimento infinito, perfeito, é em tudo igual a Deus, do qual contudo fica distinto, assim como o nosso pensamento fica distinto da nossa alma: ora, este conhecimento é o Verbo ou o Filho. Em seguida, Deus conhecendo-se tal qual é, como o soberano bem, não pode deixar de amar-se, e ama-se em proporção das suas perfeições, isto é, infinitamente. Mas o amor pressupõe o objeto amante e o objeto amado: estes dois termos são iguais, infinitos, distintos. Por conseguinte, o termo do amor de Deus é necessário, infinito, perfeito e distinto, e também idêntico à essência divina: é o Espírito Santo, amor do Pai e do Filho. E como o amor supõe o conhecimento, Deus ama pelo Verbo: pois o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, como de um mesmo princípio. É assim que a razão concebe duas operações de Deus ad intra, e elevando-se à mais alta perfeição, que é o ser e a personalidade, consegue ter certa idéia do Verbo e do Espírito Santo, os quais formam com o Pai a santa e augusta Trindade.
    Mons. Cauly. Curso de Instrução Religiosa. Apologética Cristã, Tomo IV.

    Do Mistério da Santíssima Trindade - I

    O primeiro, o mais sublime e o mais profundo dos mistérios do Cristianismo é o da Santíssima Trindade. Sem dúvida a existência de Deus e as suas perfeições infinitas têm alguma coisa de misterioso para o homem: não compreendemos Deus na sua própria essência e na sua natureza infinita; não temos da onipotência de Deus, da sua eternidade, da sua imensidade, da sua onisciência, uma noção absoluta e inadequada: contudo, a razão humana não só concebe essas grandes verdades, mas proclama que são necessárias. Quando se trata, porém, do mistério da Santíssima Trindade, mistério de um Deus único em três pessoas distintas, não só a nossa razão não descobre este mistério, mas, mesmo depois de o ver enunciado, não percebe a sua necessidade nem penetra a sua natureza; é essa a razão porque chamamos este dogma o primeiro e o mais sublime dos mistérios. Contudo, é ele a origem de todos os outros mistérios da Religião, e deste abismo insondável jorram todas as luzes.
    Havemos: 1º de expor claramente em que consiste o mistério da Santíssima Trindade, para afastar qualquer ambiguidade da nossa tese, e, em seguida, fixar as bases deste dogma; 2º de esforçar-nos, não para dá-lo a entender, mas, pelo menos, para mostrar que é aceitável e a razão mais exigente não é capaz de achar coisa alguma que lhe seja oposta; 3º Daremos uma dupla confirmação à nossa tese: em primeiro lugar as analogias características que este mistério da Trindade possui na natureza, depois os ensinamentos da filosofia, tanto moderna como antiga, sobre o dogma da Trindade.
    Exposição do Mistério e dos Seus Fundamentos
    I- Ensino Católico da Trindade
    II - Seus fundamentos: 1º no Antigo Testamento; 2º no Novo Testamento.
    I. A fé nos ensina que o verdadeiro Deus é uma Trindade, isto é, que em uma única essência ou natureza divina, há três pessoas: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. Estas três pessoas são numericamente distintas entre si, porém perfeitamente iguais, não tendo todas as três senão uma só e mesma natureza.
    As três pessoas são coeternas, existindo desde toda a eternidade, mas cada uma de um modo que lhe é próprio. Deus Pai existe sem nascimento e sem origem; Deus Filho tira a sua origem do Pai por via de geração; é gerado; Deus Espírito Santo tira a sua origem simultaneamente do Pai e do Filho por via de processão, e dizemos que procede de ambos, também desde toda a eternidade.
    Todos os atributos ou perfeições da essência divina: poder, sabedoria, santidade, etc., são comuns a toda a Trindade; dá-se o mesmo com todas as obras exteriores de Deus no universo: criação, santificação, etc. Não é senão por apropriação ou por certo modo de falar que se atribui mais especialmente ao Pai a criação, ao Filho a Redenção, ao Espírito Santo a santificação. A Trindade toda coopera a estas obras. Todavia a Redenção é obra pessoal do Filho de Deus feito homem quanto à execução desse projeto divino.
    Relativamente ao Mistério da Santíssima Trindade, consiste ele justamente no duplo fato da pluralidade das pessoas e da unidade da natureza em Deus. Não vemos como é isso possível, porque ao redor de nós cada pessoa tem corpo e alma que lhe são próprios, isto é, a sua natureza individual e incomunicável; e em Deus, o que para nós constitui o mistério, é que não compreendemos os termos de natureza e de pessoas divinas: um Deus em três pessoas.
    II. A crença no dogma da Trindade certamente não pode vir da razão que não nos diz coisa alguma a este respeito: ela nos vem da Revelação. Este mistério é insinuado no Antigo Testamento, e é claramente enunciado no Novo.
    1º É insinuado, até implicitamente contido no Antigo Testamento; pelo menos, achamo-lo nas tradições do povo judaico: o que prova que foi certamente o objeto de uma revelação primitiva. Dizemos que a Escritura Sagrada o insinua. Com efeito, no Gênesis, Deus diz: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança" (I,26). Não é o conselho das três pessoas divinas? No momento da confusão de Babel: "Vinde, diz o Senhor, confundamos a sua linguagem" (Gn XI, 7). Por que esse plural? Já, depois da culpa de Adão, o mesmo livro sagrado nos representa Deus dizendo ironicamente: "Portanto eis Adão que se tornou como um de nós, vamos agora impedir-lhe de levar a mão na árvore da vida" (Ib III, 22). Como havemos de conciliar essas expressões com a unidade de pessoas em Deus?
    Encontram-se, no Antigo Testamento, duas expressões para designar a divindade: uma é Jehováh, outra é Eloim. Pelo parecer de todos os habraizantes, a primeira se aplica ao mesmo ser de Deus, à sua suprema essência; está no singular. A segunda exprime a idéia da presença de Deus e do seu poder: vem sempre no plural e significa os deuses; mas, o que não deixa de surpreender é que esta palavra sempre no plural, rege sempre no singular o verbo que a segue. Assim, o primeiro versículo da Bíblia traduzir-se-ia literalmente: "No princípio, os deuses fez o céu e a terra." Os sábios não duvidam em ver, nesta palavra Eloim e no modo de se usar dela, uma expressão que deixa entender a existência de várias pessoas em Deus.
    Seja como for, se o dogma da Trindade não era contigo na Bíblia, achava-se nas tradições judaicas, como a crença na imortalidade da alma, na ressurreição dos corpos, na Incarnação. Um judeu célebre, muito versado no conhecimento dos livros dos rabinos, depois convertido ao catolicismo, o sábio Molitor, de Francfort, fez neste ponto pesquisas interessantes, consignadas na sua obra intitulada: A Filosofia da História e da Tradição.
    2º Mas era reservado ao Cristianismo fazer-nos conhecer melhor o mistério da Trindade. Até podemos dizer que é um dos dogmas que vêm mais claramente expressos no Novo Testamento. Com efeito, aí vemos o Verbo de Deus, Filho eterno do Pai, que se faz homem, e promete, por sua vez, mandar o Espírito Santo. Nosso Senhor Jesus Cristo manda seus apóstolos batizar as nações "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt XXVIII, 19). Na sua última prece, o Salvador pede que seus discípulos sejam um como seu Pai e Ele não são mais que um. (Jo XVII, 21). Antes, porém, prometeu enviar o Espírito Santo que procede do Pai. (XV, 17). Depois os apóstolos repetirão com São João: "Há três que prestam testemunho no céu: o Pai, o Verbo e o Espírito Santo, e estes três não são mais que um" (I Jo V,7)
    Enfim, a Trindade se manifesta visivelmente no batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo. A voz do Pai se faz ouvir do alto do céu: "Este é o meu Filho bem amado, escutai-o!". O Filho é batizado no rio Jordão, e o Espírito Santo desce sobre ele na forma de uma pomba." (Mt III, 16-17).
    Tais são os trechos das nossas sagradas Escrituras que provam o dogma da Trindade, sempre aceito e acreditado pela Igreja, ensinado por todos os doutores e resumido nesta frase do símbolo de santo Atanásio: "A fé católica quer que adoremos a Trindade na unidade, e a unidade na Trindade, sem confundir as pessoas nem separar a substância divina".
    Mons. Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Apologética Cristã, Tomo IV.

    O amor de Deus por nós revelado em Cristo

    Em Cristo, manifestou-se a infinita caridade e a grande misericórdia de Deus. Qual Pai amoroso, apiedou-se dos seus filhos caídos, indo ao extremo de enviar-lhes o seu Filho Unigênito. Não é a multidão das ofensas que fixa os limites do seu amor, mas unicamente a soberba e a presunção humanas. Seu amor não exclui senão a quem voluntariamente lhe recusa os dons. Deus se antecipa ao homem e não lhe pede senão que, reconhecendo humildemente a sua insuficiência, fraqueza e pecaminosidade, busque refúgio em Deus e pague o amor com o amor. Destarte toda a vida religiosa se eleva ao nível da entrega pessoal, ancorando-se no próprio cerne da personalidade humana. A própria condenação eterna deriva do amor o seu significado mais profundo, consoante a palavra de Dante: "Fecemi... il primo amore" (Inf. III, 6).
    Desta forma o "eros" dos antigo transforma-se na "caridade" da revelação cristã. Para Aristóteles, a única forma de amor compatível com a razão é a que se realiza por um movimento ascendente, do amante ao amado. Parece-lhe absurdo admitir que um Deus, plenamente satisfeito de sua própria perfeição, seja capaz de amar um mundo imperfeito. A esse deísmo dos antigos, e a todas as especulações sobre o eros, opõe-se nitidamente a doutrina cristã, tão eloquentemente expressa na primeira epístola de S. João: "Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou (I Jo 4,10; cf. a versão da Vulgata: "quiniam ipse prior dilexit nos).
    Philotheus Boehner; Étienne Gilson. História da Filosofia Cristã. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.

    Maio, Mês de Maria - Fazer-se Criança no Amor a Deus


    Consideremos atentamente este ponto. Pode ajudar-nos a compreender coisas muito importantes, já que o mistério de Maria nos faz ver que, para nos aproximarmos de Deus, temos de tornar-nos pequenos. Em verdade vos digo - exclamou o Senhor, dirigindo-se aos seus discípulos -, se não vos converterdes e vos fizerdes como crianças, não entrareis no reino dos céus". (Mt XVIII, 3).
    Fazer-se criança: renunciar à soberba, à auto-suficiência: reconhecer que, sozinhos, nada podemos, porque necessitamos da graça, do poder do nosso Pai-Deus, para aprender a caminhar e para perseverar no caminho. Ser criança exige abandonar-se como se abandonam as crianças, crer como creem as crianças, pedir como pedem as crianças.
    São coisas que aprendemos no convívio com Maria. A devoção à virgem não é blandície nem languidez: é consolo e júbilo que se apossam da alma, precisamente porque exige um exercício profundo e íntegro da fé, que nos faz sair de nós mesmos e colocar a nossa esperança no Senhor. O Senhor é meu pastor - canta um dos salmos -, nada me faltará. Em verdes prados me faz repousar, conduz-me junto às águas refrescantes; refaz a minha alma e guia-me por caminhos retos pela virtude do seu nome. Ainda que eu atravesse um vale tenebroso, nada temerei, porque Tu estás comigo" (Sl XXII, 1-4).
    Porque Maria é Mãe, a sua devoção nos ensina a ser filhos: a amar deveras, sem medidas; a ser simples, sem essas complicações que nascem do egoísmo de pensarmos só em nós; a estar alegres, sabendo que nada pode destruir a nossa esperança. O princípio do caminho que leva à loucura do amor de Deus é um amor confiado por Maria Santíssima. Assim o escrevi há muitos anos, no prólogo a uns comentários ao Santo Rosário, e desde então voltei a comprovar muitas vezes a verdade dessas palavras. Não vou tecer aqui muitas considerações para comentar essa idéia: preciso, antes, convidar cada um de vós a fazer a experiência, a descobri-lo por si mesmo, procurando manter um relacionamento amoroso com Maria, abrindo-lhe o coração, confiando-lhe as suas alegrias e penas, pedindo-lhes que o ajude a conhecer e a seguir Jesus.
    Se procurarmos Maria, encontraremos Jesus. E aprenderemos a entender um pouco do que há no coração de um Deus que se aniquila, que renuncia a manifestar o seu poder e a sua majestade para se apresentar sob a forma de escravo. Falando humanamente, poderíamos dizer que Deus se excede, pois não se limita ao que seria essencial ou imprescindível para nos salvar, mas vai mais longe. A única norma ou medida que nos permite compreender de algum modo a maneira como Deus age é reparar que não tem medida, ver que nasce de uma loucura de amor que O leva a tomar a nossa carne e a carregar com o peso dos nossos pecados.
    Como é possível perceber tudo isto, reparar que Deus nos ama, e não enlouquecer também de amor? É necessário deixar que essas verdades da nossa fé calem aos poucos na alma, até mudarem toda a nossa vida. Deus ama-nos!: o Onipotente, o Todo-Poderoso, o que fez os céus e a terra!
    Deus interessa-se até pelas menores coisas das suas criaturas - pelas vossas e pelas minhas - e chama-nos, um a um, pelo nosso próprio nome. Esta certeza, que procede da fé, faz-nos olhar o que nos cerca sob uma nova luz, e leva-nos a perceber que, permanecendo tudo como antes, tudo se torna diferente, porque tudo é expressão do amor de Deus.
    A nossa vida converte-se numa contínua oração, num bom humor e numa paz que nunca se acabam, num ato de ação de graças desfiado ao longo das horas. A minha alma glorifica o Senhor - cantou a Virgem Maria - e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para a baixeza da sua serva. Por isso, desde agora, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso, cujo nome é santo.

    A nossa oração pode acompanhar e imitar essa oração de Maria. Tal como Ela, sentiremos o desejo de cantar, de proclamar as maravilhas de Deus, para que a humanidade inteira e todos os seres participem da nossa felicidade.
    S. Josemaria Escrivá, É Cristo que Passa

    Encerramento do Mês de Maio - S. Pedro Julião Eymard

    Ao terminar este belo mês que vos consagramos, ó Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, depois de havermos meditado sobre vossas grandezas e admirado a perfeição de vossas adorações e de vosso serviço eucarístico no Cenáculo, resta-nos consagrarmo-nos inteiramente a vós a fim de que nos protejais em nossa vocação de adoradores.
    Ó Maria, minha celestial Rainha e divina Mãe, não posso me tornar o feliz servo de Jesus-Eucaristia se não consentirdes em me formar, educar e revestir de vosso espírito, de vossos méritos e virtudes, e se não me quiserdes para o vosso Filho, vós que sois a Rainha e Mãe dos servos de Jesus, que viveis somente para Jesus e que nos amais em Jesus e por Jesus.
    A vós me entrego; apresentai-me ao vosso divino Filho, e assim apresentado e formado por vós, ó boa Mãe, o meu bom Mestre me acolherá benignamente, amando-me em vós.
    S. Pedro Julião Eymard

    É permitido aos fiéis abrir os braços ao rezar o Pai nosso?


    Eis uma dúvida que surge a muitos. Vamos esclarecê-la a partir do pedido que nos fez por e-mail em março passado o nosso leitor Luiz Rocha, de Campo Grande (MS). De fato, não poucas vezes vemos em missas o convite ou feito pelo Celebrante ou pelo grupo de cantores para todos, ou se darem as mãos uns dos outros ou, “somente”, abrir os braços para juntos rezarem o Pater noster. Infelizmente, em muitas paróquias não é aplicada rigorosamente a rubrica do Missal sobre o gesto que acompanha a recitação da Oração dominical e quem o executa. E, diante de tal costume tão solidificado, é talvez um pouco difícil mudá-lo de uma hora para outra; mas nada mais eficaz do que uma clara catequese que certamente será compreendida por quem quer se corrigir – aquém de seus próprios gostos, e obedecida por todos quantos são obedientes.
    É de se reconhecer que é pouco clara e passível de ambiguidade a rubrica do livro típico para a pesquisa sobre esta dúvida. Contudo, à luz de rubricas sobre o mesmo assunto presentes outros livros litúrgicos e na leitura de esclarecimentos de manuais oficiais de Liturgia, a até então obscura rubrica do Rito da Comunhão no Missal Romano é capaz de por, uma vez por todas, termo à pergunta:
    É permitido aos fiéis abrir os braços enquanto rezam o Pai nosso durante a Missa?
    Sim, estamos falando em permissão. Ainda nos perguntamos se não seria mais viável usar “certo” ao invés de “permitido”. Mas, como sabemos que as rubricas são leis promulgadas pela autoridade pontifícia, à qual está sujeita tanto a hierarquia eclesiástica como os fiéis leigos, falamos em “permissão”; pois, mesmo que todos sejam livres para rezarem segundo as suas disposições e sua sensibilidade, durante as celebrações litúrgicas, as leis ordenam a forma e o comportamento a serem observados por quem preside e por quem assiste (e para desfazer qualquer crítica dos ferrenhos defensores do termo “participar liturgicamente”, citamos as 2ª e 3ª definições do verbo assistir do Priberam: “estar presente para auxiliar ou acompanhar; cooperar, auxiliar”. Bom, quem coopera em algo, não permanece inerte. Certo?). Mas, como o termo “participar” está presente por 3 vezes na Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, não omitiremos o seu real significado que não exclui o termo “assistir”.


    Dom Antônio Carlos Rossi Keller, Bispo de Frederico Westphalen,
    abre os braços durante a celebração da Missa em sua Catedral.
    Gesto puramente sacerdotal e do ministro ordenado que celebra 

    1º MOTIVO: Reza a 2ª rubrica do Rito da Comunhão, logo após a monição ao Pater noster:
    “Extendit manus et, una cum populo, pergit:“
    Esta rubrica é uma continuação da anterior (onde pede que o sacerdote una as mãos para a monição), sobre o convite à oração; portanto, o “extendit” (estende/abre os braços) refere-se ao sacerdote. O “una cum populo, pergit” (com o povo, continua) não indica que o povo prossiga com o mesmo gesto (braços abertos) do sacerdote, mas que o sacerdote continue com o povo a oração à qual ele convidou com a monição anterior.
    A rubrica sobre o mesmo gesto ao recitar o Pater noster é mais clara no Rito da Comunhão da Celebração da Paixão do Senhor:
    “Sacerdos, extensis manibus, et omnes praesentes prosequuntur:“
    O “extensis manibus” é entre vírgulas para referir-se apenas ao termo precedente “sacerdos“, enquanto que a oração é dita por todos.
    Abaixo, um vídeo do Papa Bento XVI convidando a assembleia à recitação do Pater, onde vemos que só o Celebrante e os concelebrantes abrem os braços, mas não o povo:

       

    2º MOTIVO: Há gestos que são exclusiva e ordinariamente sacerdotais e outros , mais estritamente, de quem celebra. O abrir os braços, ou unir as mãos, fazer em si o sinal-da-cruz às palavras “sejamos repletos de todas as graças e bênçãos do céu” do Cânon Romano etc. são próprios do ministro ordenado que preside ou que concelebra. Portanto, se um bispo ou um sacerdote estiver presente numa Missa, mas não presidir ou concelebrar, não abrirá os braços para recitar o Pater noster, nem executará os outros tantos gestos que os ministros que concelebram estiverem fazendo.
    O abrir os braços não é um gesto inclusivo de todos que recitam a Oração dominical. O que inclui a todos é justamente todos recitarem as mesmas palavras da oração. O(s) sacerdote(s) que celebram estão como únicos mediadores entre a assembleia e Deus e, portanto, abrem os braços, como Moisés o fez quando intercedeu pelo povo e este ganhava a batalha de Refidim.
    Nunca vimos alguém abrir os braços junto com o sacerdote quando este abre os seus à oração da Coleta! Ora, esta oração reúne todas as intenções que os fiéis têm consigo para a Santa Missa; todavia, ninguém nunca se sentiu excluído ou desprestigiado por não abrir seus braços como o faz o sacerdote (e somente este, e não também os concelebrantes, quando há).
    É igualmente reprovável estender as mãos durante a doxologia que encerra a oração eucarística. Tal gesto pretende oferecer, junto com o sacerdote, o Senhor sacramentalmente presente nas Sagradas Espécies; isso só é feito pelo sacerdote, auxiliado por um diácono, quando houver, ou, em sua ausência, por um concelebrante, quando houver; senão, só o sacerdote executa o gesto de oferecer a Deus Pai a Vítima incruelmente imolada sobre o altar.
    Portanto, dadas as circunstâncias de abrir os braços nas celebrações litúrgicas um gesto exclusivamente competente ao ministro ordenado que preside (e que concelebra), não convém que os fiéis acompanhem o mesmo gesto, mas que participem vocalmente da recitação da Oração do Senhor. Senão, fiéis e ordenados com os braços abertos ao mesmo tempo, dará impressão que todos são iguais hierarquicamente; o que é uma grande mentira.
    Obs.: Também criou-se um costume “contrário”: obedecendo “demais” à regra de não pronunciar o “Amém” ao fim do “Pai nosso” na Missa e em outros ofícios litúrgicos, em função do embolismo que vem adiante “Livrai-nos de todo mal, ó Pai”, é difícil o ouvirmos em outras ocasiões, quando em sua recitação no Santo Rosário. Mas, sabemos que só não diremos “Amém” nas celebrações litúrgicas. Fora delas, o diremos.
    Nesse vídeo da Missa na Solenidade de São Pedro e São Paulo em 1982, vemos que até mesmo Mons. John Magee, então mestre-de-cerimônias pontifício, não abre os braços para rezar, pois não está concelebrando a Missa:

    Processo de beatificação de Frei Damião segue para Roma em junho

    O candidato a beato, Frei Damião, que viveu 66 anos 
    de missão na região Nordeste do Brasil
    Jéssica Marçal
    Da Redação 
    Um homem de fé, que levou uma vida de doação de si em prol dos necessitados. Assim foi a trajetória de Frei Damião de Bozzano, que viveu 66 anos de missões na região do Nordeste brasileiro. Diante de sua fama de santidade, foi aberto o pedido para que o frei seja beatificado. Com o término da fase diocesana do processo de beatificação no último domingo, 27, a expectativa para a aprovação da Santa Sé aumenta, principalmente entre os nordestinos, que puderam acompanhar de perto a obra de Frei Damião.
    A abertura oficial do processo de beatificação do frei foi no dia 31 de janeiro de 2003. Desde então, o vice-postulador da causa aqui no Brasil, frei Jociel Gomes, vem trabalhando na chamada fase diocesana, em que se faz o levantamento de documentos sobre a vida do candidato a beato e se colhe depoimentos que comprovem a prática das virtudes cristãs.
    “Recolhemos toda a documentação pessoal, escolar, religiosa, também tudo aquilo que foi escrito pelo Frei Damião. Também escutamos os testemunhos de pessoas que o conheceram de perto, conviveram com ele e puderam dar um testemunho, principalmente acerca daquilo que a Igreja pede para o processo de beatificação e canonização que são as virtudes: a fé, a esperança e a caridade”, explicou o vice-postulador.
    Para Frei Jociel, essas três virtudes resumem os fatores que agregaram a frei Damião a fama de santidade. “Frei Damião era um homem de muita fé, por causa da fé ele deu a sua vida. Eu sempre digo que Frei Damião foi um homem movido pela fé. Pela fé ele viveu pela fé ele se doou”, disse.
    Ele contou ainda que o povo nordestino sempre viu em Frei Damião uma voz de esperança e revelou outra grande característica do candidato a beato que pode ser modelo hoje: o dom da escuta.
    “Dentro desses 66 anos, Frei Damião confessou uma imensidão de gente. Alguns que conhecem a vida de santos e de missionários dizem que ele confessou até mais do que Padre Pio. E uma escuta não só dos pecados, mas uma confissão que às vezes também se tornava aconselhamento. Frei Damião parava para escutar as dores e alegrias, a partilha desse povo sofrido”, informou.
    Expectativas
    A solenidade de encerramento da fase diocesana foi presidida pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, no Convento de São Félix, onde Frei Damião foi sepultado. Como tudo foi feito de acordo com as devidas orientações, frei Jociel acredita que a causa será de fato aceita pela Santa Sé. “No coração do nordestino, Frei Damião já tem um altar, mas a santidade dele precisa realmente ser reconhecida pela Igreja”.
    Frei Jociel também informou que, quando esteve em Roma, em fevereiro, ficou sabendo que lá na apostulação geral existe uma grande ansiedade pela chegada do processo de Frei Damião. Se o processo for entregue em junho, seguindo o prazo, em cerca de dois anos a Santa Sé deve dar uma resposta.
    Tal retorno está sendo esperado ansiosamente aqui no Brasil. Frei Jociel se diz impressionado com o interesse de pessoas do país inteiro na causa de Frei Damião. Ele informou que já existe uma pesquisa acerca dos possíveis milagres que o frei tenha realizado e que ele está acompanhando cinco casos em especial. Saindo a beatificação, já existe a intenção de entrar com o pedido de canonização.
    O Vice-postulador citou ainda o papel dos meios de comunicação, que lá no Nordeste têm anunciado constantemente novidades sobre o processo. “Os meios de comunicação já noticiam tanta coisa negativa então colocar para o Brasil, para outras regiões este testemunho de santidade de Frei Damião como um farol é algo bom a ser transmitido e a gente não pode esquecer essa memória”, finalizou.
    Frei Damião
    Frei Damião de Bozzano nasceu na Itália em 1898. Aos 33 anos, deixou o país e veio ser missionário no Nordeste do Brasil, onde teve como primeira residência o Convento de Nossa Senhora da Penha. Viveu 66 anos para realizar as “santas missões”, estilo próprio que encontrou para evangelizar. Dedicou sua vida à pregação, à confissão, à celebração da Eucaristia e ao convite para uma conversão e mudança de vida. Já com a saúde debilitada, Frei Damião faleceu no dia 31 de maio de 1997, aos 98 anos, após sofrer um derrame cerebral no Real Hospital Português do Recife. Seus restos mortais repousam numa capela especial, dedicada à N. Sra. das Graças, no Convento de São Félix de Cantalice, onde viveu seus último dias.

    Festa de Pentecostes - Sermão de São Basílio Magno

    Assim como há um só Pai e um só Filho, também há um só espírito Santo. Espíritos auxiliares, porém, nas respectivas ordens, aparecem-nos em multidão que dificilmente se pode contar. Mas, na criatura não procuremos quem está acima da criatura. Não rebaixes ao nível dos santificados aquele que santifica. Ele enriquece os anjos e os arcanjos, santifica as potestades, a tudo dá vida. Está-se difundindo em toda criatura, pois todos participam de seu ser: não fica, no entanto, diminuído em nada com esta participação. Efetivamente distribui a todos sua graça; mas não fica esgotado com estas doações, senão que, quem recebeu, fica na abundância e a ele nada falta. E assim como o sol ilumina os corpos e estes participam dele de modo diverso, sem que com isto fique diminuído, assim também o Espírito, ao repartir entre todos sua graça, permanece inteiro e indiviso.
    A todos dá luz para alcançarem o conhecimento de Deus, inspira os profetas, ensina a sabedoria aos legisladores, dá o caráter sagrado os sacerdotes, o poder aos reis, a perfeição aos justos, aos sábios a autoridade, realiza os dons de curas, dá vida aos mortos, solta os grilhões dos presos, adota os estranhos por filhos. Faz isto por operação sobrenatural. Assim, se acha um publicano que tenha fé, transforma-o em evangelista; se depara com um pescador, torna-o teólogo; se encontra um perseguidor arrependido, dele faz o apóstolo dos gentios, o arauto da fé, elemento de escol. Por ele, os fracos erguem-se fortes, os pobres ficam ricos, os ignorantes e os rudes no falar superam os sábios em sabedoria.
    Achava-se Paulo doente; pela presença do Espírito, no entanto, seus lenços restituíam a saúde aos que os tocavam. Estava Pedro sujeito a enfermidades, mas pela graça do Espírito, que nele habitava, a sombra projetada de seu corpo expelia a males dos enfermos. Pedro e João eram pobres, nem prata nem ouro tinham; mas, apesar disto, distribuíam saúde, o que é mais valioso do que moedas de ouro, visto que aquele coxo, após receber ouro de muita gente, ainda continuava mendigo; recebendo, todavia, de Pedro o benefício, saltando qual gamo e louvando a Deus, cessou de pedir esmola. Não possuía João a ciência do mundo; no entanto, pelo poder do Espírito, proferiu palavras que nenhuma ciência pode contestar.
    Impera o Espírito no céu e enche a terra; está presente em todo lugar e nada o impede de estar em qualquer parte. Está todo em cada um e todo com Deus. Distribui dons mas não reparte donativos à maneira de servo, sendo por sua própria autoridade, pois a cada qual reparte como lhe apraz.
    Roguemos-lhe que se torne presente em nossas almas e não nos abandone em tempo algum, pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.
    S. Basílio Magno, Homilia VI, 3. Ofício Marial.

    O Espírito Santo, a Virgem Maria e a Comunhão Eucarística

    O Espírito Santo foi o agente divino da Encarnação. Preparou Maria para a dignidade de Mãe de Deus, preservando-A de toda mancha em sua Conceição Imaculada, semeando em sua alma desde esse instante as mais belas virtudes e cultivando-a depois.
    Ao soar o momento de formar e animar o Corpo de Jesus, tornou fecundo o seio da Santíssima Virgem, continuando a habitar n'Ela após a execução desse mistério, e cobriu-A com sua sombra a fim de temperar os ardores do Sol divino que Ela trazia em si.
    Ora, a Eucaristia, pela Comunhão associa-nos à glória de Maria e às alegrias de sua maternidade, e o Espírito Santo desempenha em nós igual mister que na Encarnação.
    Procuremos portanto nos unir ao divino Espírito Santo quando formos comungar, e nos lembremos de que a disposição que Ele espera de nós é a de Maria ao exclamar: "Ecce Ancila Domini" (Lc 1,38).
    Que o Espírito Santo nos prepare para a Comunhão, fale por nós e agradeça a Jesus em nosso nome, e que, por meio d'Ele, se estabeleça o reinado de Jesus em nós.
    S. Pedro Julião Eymard, Flores da Eucaristia.

    A CNBB dá a sua versão da Inquisição


    "Para garantir proteção contra toda e qualquer possibilidade de intento de mudança, tanto no modo de pensar como de agir, iniciativas foram tomadas pelo Estado e pelo cristianismo. O ponto mais alto deste pacto aconteceu com a Inquisição. As pessoas suspeitas de propor alguma mudança no pensamento, nas convicções, nas ciências e na estrutura social e religiosa passaram, então, a ser perseguidas, presas, torturadas e assassinads. Foi, sem dúvida, uma página horrível na história do ocidente, principalmente para a religião cristã.

    Inquisição (inquirir, indagar, investigar, interrogar judicialmente). A Santa Inquisição ou Santo Ofício tinha como objetivo instaurar oficialmente um processo jurídico contra as pessoas que não aceitavam a doutrina e a moral da Igreja Católica, e puni-las. Os suspeitos de heresia representavam uma ameaça à autoridade clerical e do Estado, e a Inquisição era um recurso para impor à força a supremacia católica, fazendo calar e mesmo exterminando os que não aceitavam o que a Igreja ensinava."

    CNBB, Instrumento de Trabalho, 3º Congresso Missionário Nacional. p. 16-17.
    ***
    Mas para que o leitor não se deixe enganar, vamos à verdade dos fatos? Sugiro a leitura dos seguintes artigos, já publicados neste blog:

    CNBB fala sobre o "Encontro de Assis" e a FSSPX

    "Poucas semanas antes do encontro das religiões mundiais em Assis, convocado pelo Papa Bento XVI para o dia 27 de outubro 2011, a “Fraternidade Pio X” mandou celebrar mil missas em reparação do escândalo de Assis. (Cf. postagem do 4.11.2011: http://spessantotomas.blogspot.com/2011/10/mil-missas-em-reparacao-do-escandalo-de.html) A Fraternidade considerou o encontro como um evento escandaloso por não ter o objetivo da conversão das religiões não católicas, mas orações e aproximações que não visam a mudanças substanciais de outras religiões. Por ocasião do “Dia Mundial das Missões” e do nascimento do habitante que completou o número mágico de 7 bilhões de habitantes do nosso planeta, no dia 31 de outubro, se escutaram lamentos da Congregação responsável pela Evangelização dos povos sobre os 5 bilhões de pessoas que ainda não conhecem Jesus Cristo. Estes justificariam uma intensificação missionária de uma Igreja que mal consegue segurar os que já conhecem Jesus. 
    O que aconteceu em Assis? Com vários líderes religiosos, Bento XVI foi até Assis para recordar a Jornada Mundial de Oração pela Paz, celebrada por João Paulo II no dia 27 de outubro de 1986. De fato, aquela jornada foi um evento histórico durante a Guerra Fria, quando expoentes do Patriarcado de Moscou, muçulmanos, o rabino Toaff e muitos outros se reuniram para rezar: “não mais uns contra os outros” – disse o Papa Wojtyla – “mas uns ao lado dos outros”. O Papa Wojtyla não apreciava que a luta pela paz estivesse, principalmente, nas mãos do Leste e das esquerdas. Ele estava convencido de que o fundamento religioso da paz devia ser buscado nas religiões. No entanto, a cultura pública do Ocidente as considerava como fenômenos residuais do âmbito privado. João Paulo II, em 1986, retomou o diálogo inter-religioso, iniciado depois do Concílio. Na época, já se escutaram as vozes roucas dos lefebvrianos, para os quais Assis era uma liquidação da verdade católica. 
    Agora, Bento XVI voltou a Assis, convencido da atualidade do diálogo em um mundo globalizado, em que a convivência cotidiana é atravessada pelas tensões do pluralismo religioso e étnico. A “política” de Bento se move entre duas posições: as paixões fundamentalistas e o relativismo cosmopolita. O fundamentalismo oferece o calor de uma paixão total. O relativismo é impregnado pela frieza racional da modernidade. Se tantos líderes religiosos vão a Assis com o papa, isso significa, porém, que esse ideal fez o seu caminho nos corações e nas culturas. Com Assis 2011, o espírito de paz entre as religiões continua o seu caminho, enquanto há antigas e novas formas de violência com as quais é preciso lidar."
    CNBB, Instrumento de Trabalho, 3º Congresso Missionário Nacional, Vaivém da recepção do Vaticano II.

    S. Josemaria Escrivá e a Santa Missa

    Dom Javier Echevarría
    Eu lhes recomendaria que participassem com sinceridade da Missa, buscando e amando Jesus. São Josemaria escreveu em Caminho: “Você diz que a Missa é longa, mas eu acrescento: porque seu amor é curto”.
    Não podemos dar muita importância ao sentimento: entusiasmo ou apatia, vontade ou falta de vontade. A Missa é sacrifício: Cristo se entrega por amor. É uma ação de Deus e não podemos captar plenamente sua grandeza, por nossa condição limitada de criaturas. Mas podemos fazer o esforço não somente de estar na Missa, mas de vivê-la em união com Cristo e com a Igreja.
    Graças a Deus, procuro redescobri-lo todos os dias: na liturgia da palavra – que ajuda a manter o diálogo com Deus ao longo do dia – e na liturgia eucarística. Deveríamos nos admirar sempre diante desta realidade que nos supera, mas da qual o Senhor nos permite participar, ou melhor, convida-nos a participar.
    Na Missa, não somente se cumpre uma comunicação descendente do dom redentor de Deus, mas também uma mediação ascendente, oferecimento do homem a Deus: seu trabalho e seus padecimentos, suas penas e alegrias, tudo isso unido a Cristo: por Ele, com Ele e n’Ele. Não posso deixar de dizer que ver como São Josemaria celebrava o Santo Sacrifício produziu em mim um sério impacto, ao contemplar como era a sua devoção eucarística diária.
    Toca profundamente a alma considerar que, na apresentação das oferendas, o sacerdote pede a Deus que acolha o pão e o vinho, que são “fruto da terra e do trabalho do homem”. Em qualquer circunstância, o homem pode oferecer seu trabalho a Deus, mas na Missa essa oferenda alcança seu pleno sentido e valor, porque Cristo a une ao seu sacrifício, que oferece ao Pai pela salvação dos homens.
    Quando a Missa é o centro e a raiz do dia do cristão, quando todas as suas atividades estão orientadas ao sacrifício eucarístico, pode-se afirmar que todo o seu dia é uma Missa e que seu lugar de trabalho é um altar, onde ele se entrega plenamente a Deus, como seu filho amado.
    Parece-me especialmente importante, neste momento, sua insistência em que a liturgia é ação de Deus e, como tal, é recebida na continuidade da Igreja.
    O Papa escreveu que a melhor catequese sobre a Eucaristia é a própria Eucaristia bem celebrada. Portanto, o primeiro dever de piedade do sacerdote que celebra ou do fiel que participa da Missa é a observância atenta, devota, das prescrições litúrgicas: a obediência da pietas.
    Por outro lado, o Papa também insiste em que a Eucaristia é o coração da Igreja: Deus presente no altar, o Deus que está perto, que edifica a Igreja, que reúne os fiéis e os envia a todos os homens.
    São Josemaria na Missa muitas vezes. Nessas ocasiões, ele costumava me pedir que rezasse para que ele não se acostumasse a celebrar aquela ação tão sublime, tão sagrada. Pude comprovar, de fato, algo que ele me disse uma vez: que experimentava a Missa como trabalho: um esforço às vezes extenuante – tal era a intensidade com que a vivia.
    Ao longo do dia, ele costumava recordar os textos que tinha lido, em particular o Evangelho, e muitas vezes os comentava com naturalidade, como um alimento da sua vida espiritual e humana.
    Ele era consciente de que, na Missa, o protagonista é Jesus Cristo, não o ministro, e de que o cumprimento fiel das prescrições permite que o sacerdote “desapareça”, para que só Jesus brilhe. Muitas pessoas que participavam da Missa celebrada por ele – inclusive nas circunstâncias difíceis da Guerra Civil Espanhola – comentavam depois que sua forma de celebrá-la tinha algo que as tocava profundamente e se sentiam convidadas a crescer em sua devoção ao Santo Sacrifício.
    Tenho certeza de que o que tocava os que participavam – os que participávamos – da sua Missa era precisamente isso: que ele deixava que Cristo sobressaísse, e não sua pessoa.
    Dom Javier Echevarría

    Mulher "Sabe Tutô" criticando a religião e a "homofobia"


    "Não há espetáculo mais patético que o de um arremedo de "opinião própria" expressando-se mediante chavões e lugares-comuns da língua geral, confessando, no ato mesmo de proclamar autonomia, a sua total dependência das opiniões correntes, padronizadas, iguais às da plateia do Faustão." (Olavo de Carvalho)
    Fiz um esforço imenso para assistir este vídeo, não por causa das ofensas que ela faz sob a máscara de "respeito às opiniões" (kkk), mas porque eu ia sentindo tanta vergonha alheia que era difícil continuar, rs... O que uma pessoa, sem a mínima formação mas com muita vontade de aparecer, não faz para conseguir se mostrar? Que imenso talento para o ridículo! Vendo um tal vexame, que só é agravado pelo fato de ela acreditar dizer qualquer coisa que preste no vídeo - o que prova ser ela tão somente uma afetada carente querendo fama -, é impossível não lembrar do texto do Olavo "brilhando no youtube" e do qual sugiro a leitura. Teremos uma análise perfeita desse tipo de gente.
    Em seguida, passo a fazer alguns comentários sobre as pérolas que, sem parar, ela vai soltando nesse vídeo tosco. Talvez, porém, antes conviesse perguntar se uma outra parte do corpo dela não sente inveja do tanto de excremento que irrompe da sua boca. Como a resposta a tal questão se refere, obviamente, à sua intimidade, não esperemos que tal mistério seja solucionado de pronto. Quem sabe, talvez, numa posterior gravação, ela nos informe algo a respeito. De minha parte, posso adiantar que não ficarei a esperar, pois esta sujeita conquistou - parabéns a ela! - o meu mais profundo, visceral e entranhado desinteresse.
    Vamos lá, às pérolas! 
    Primeiramente, ela se motiva a gravar o vídeo porque se deparou com um artigo, num jornal, que trazia o seguinte título: "União natural é homem e mulher". É possível lê-lo clicando aqui. O texto não traz nada demais; escrito por um evangélico, apenas repete a posição bíblica, acrescentando corretamente que o fato de condenar uma prática ou idéia não implica em condenar pessoas. Porém, a sujeita aí rasgou as vestes - pura afetação - e passou a nos brindar com expressões curiosas e engraçadas, quando não ofensivas - usa-se a ofensa para tentar preencher um pouco o vácuo da falta de argumentação. Vamos a elas:
    Pouco depois de iniciar a leitura, ela começa a fazer uma série de expressões faciais estranhas, a dizer gracejos bestões e gratuitos - como se risinhos e suspiros valessem alguma coisa para a refutação do texto. Chegada, então, a um momento em que o texto diz que o homossexualismo é um pecado entre outros, assim como a pedofilia, ela põe em letras grandes no centro da tela: "A bíblia não condena pedófilos, o Papa que o diga!"
    Observemos isso aqui. Do que é que ela chama o Papa, aí? De pedófilo! E isso justamente num vídeo que pretende fazer apologia ao respeito, à liberdade de opinião, etc. Ora, mas que respeito, não minha senhora?! Talvez você não tenha atentado que chamar o Papa de pedófilo, além de ir contra a verdade dos fatos - leia sobre, oh desinformada, ao invés de ficar de conversinhas nas esquinas -, é ainda um ato de desrespeito, não só ao Sumo Pontífice, um homem de bastante idade, mas ainda a todos os católicos. Que belo exemplo de respeito, não? Será que, na sua tola cabecinha, somente os que são da sua laia é que merecem respeito? Mas talvez você estivesse, na verdade, se lixando para o respeito: talvez quisesse somente aparecer e posar de "inteligente". Mas só o que conseguiu foi passar um ridículo monumental, demonstrando que não percebe sequer as contradições em que incorre uma vez atrás da outra. Mas, se você pretende se obstinar no erro - como é próprio de gente soberba -, eu a desafio a provar que o Papa seja pedófilo. Esse povo ateu - e ela se diz atéia em outro vídeo - só acredita na ciência, o que já é uma contradição, pois a ciência não é capaz de provar a inexistência de Deus, donde se deduz que ela tem de ter Fé pra acreditar nisso. Pois bem! Se vocês são assim tão positivistas, cadê as provas da suposta pedofilia do Papa? Vamos, filha.. um tiquinho de coerência...
    Logo em seguida, tem um momento que ela lê no jornal: "como cristãos, respeitamos o direito de cada um fazer suas escolhas". Nessa hora, ela interrompe momentaneamente a leitura, olha para a câmera e faz uma expressão como se fosse dizer algo tremendo, fatal, absolutamente aterrador contra essa afirmação; o espectador fica na espera de ouvir algo genial, épico, antológico; mas o que escuta é apenas o comentário de uma anta - faltou o lógico: "to vendo que respeitam". Tente o leitor assistir o vídeo novamente e veja se , embora frustrado, consegue não rir nesse momento. Ainda assim, peguemos isso que não chegou a ser um argumento, mas, antes, uma flatulação desajeitada, e analisemos o que ela esconde à semelhança dos que analisam poucas fezes no processo do exame em busca de verminoses.
    A frase sugere que, no artigo, os cristãos estariam desrespeitando a escolha de cada um. Eu pergunto: desde quando escrever um artigo num jornal, defendendo idéias quais sejam, significa desrespeitar outras pessoas? A menos que, lá, haja palavrões ou coisas similares - como é o caso desse vídeo; veremos adiante -, ele não pode ser acusado de desrespeitoso. Qualquer coisa nesse universo pode ser objeto de crítica. Mesmo as religiões o são, e não vivem a choramingar por causa disso. Porém, alguns sujeitos acreditam que o homossexualismo é algo tão, mas tão sagrado que não pode sequer ser teoricamente criticado sem que o crítico incorra aí num enorme pecado de sacrilégio! Escrever um modesto artigo contra a prática homossexual se torna, então, um terrível e nefando atentado contra os homossexuais! Mas que susceptibilidade infantil, não? Incoerências e incoerências. É esse o tipo de liberdade - que impede até a crítica - que a senhora quer promover?! Então, o que faz criticando o artigo de jornal e a Bíblia? Oh, estou comovido com a vossa "Entelijênssia"...
    Depois, ela vai passar a criticar a Bíblia, e aí que a coisa realmente passa a feder. Diz ela:
    Essa "cartilha que se chama Bíblia... de absurdos, de coisas retrógradas... que faz com que as pessoas retrocedam cada vez mais" [esse "cada vez mais" é uma graça, hehe]
    Sério? A Bíblia faz retroceder? E o que seria progredir, pra senhora? Alcançar a altura da vossa argumentação e a [in]coerência das vossas idéias? Nossa, muito inspirador! Quem, em sua sã consciência, rejeitaria tão promissor ideal? Segundo a sua afirmação, a Bíblia faz com que as pessoas retrocedam "cada vez mais" (hehe). Isso significa que, desde o momento em que ela surgiu, nunca houve avanços, mas só retrocesso, né? Puxa, que conclusão! A coitada nem sabe que esse negócio que ela hoje adora - a ciência moderna - surge da Filosofia desenvolvida pela Igreja, ensinada nas Universidades também difundidas pela Igreja, cujos pioneiros foram monges que levavam a Bíblia muito a sério e que, baseados na Revelação Cristã, sabiam que o homem tinha um lugar central na criação, que fora chamado por Deus para dominar a terra, e entendiam que o mundo era racional, pois na escritura se lia que Deus tinha feito tudo com ordem, peso e medida. Ela não conhece os avanços em todos os saberes que se deu na Idade Média - que ela provavelmente chama "idade das trevas", expressão que se tornou, para os que a usam, uma espécie de comprovação da própria tolice. Não, ela não conhece nada disso; prefere ficar no seu mundo fantasioso e inexistente de um mundo perfeito e totalmente desenvolvido cientificamente se não fosse a Bíblia. Ai, os Jetsons me mordam...
    Aí, falando da visão bíblica sobre o homossexualismo, ela diz: 
    "O preconceito, ele gera violência. Isso é um preconceito absurdo"
    Hehe.. O que que é preconceito, criatura? Tu sabes mesmo o que é um preconceito? Preconceito é quando alguém toma posição a respeito de algo sem, porém, ter informações suficientes para sustentar tal atitude. Por exemplo: o racismo consiste na qualificação de uma pessoa segundo a sua cor. Isto é: eu valorizo alguém não porque eu a conheci em seu mundo íntimo, em seus valores, etc - o que seria legítimo -, mas porque eu me detive somente na sua cor, que é uma característica bastante secundária e obviamente não me dá legitimidade de manter uma posição definitiva.
    A Bíblia ou a Religião, porém, não têm preconceito com os homossexuais; o que elas têm é conceito. Os preconceituosos aqui são vocês, cara atéia, que sem conhecer bulhufas da argumentação cristã a este respeito - sim, vocês não conhecem - já se antecipam em chamar-nos de preconceituosos. Mas afirmar isso é muito confortável porque causa logo a impressão de que vocês estão lutando pelo lado certo e os vossos inimigos, objetos da vossa crítica, são aprioristicamente tomados como criminosos, retrógrados, hipócritas, etc. Fácil, não? Chamar o outro de preconceituoso muitas vezes funciona como um modo de se livrar da necessidade de argumentar. Porém, como eu falei: não é preconceito, e não é absurdo. Quer acompanhar comigo, sucintamente, o raciocínio, oh vossa nesciência?
    O título do artigo que vos indignou era: "união natural é homem e mulher". Primeiramente, o que é uma coisa natural? É uma coisa que é segundo a natureza. Ora, empiricamente se constata que, na natureza, existe uma dualidade sexual: o homem e a mulher. Ou não? A vossa ciência, por acaso, diz outra coisa? Não é esta perspectiva evidentemente muito mais realista? Não começa a parecer que os homossexuais é que tentam negar a realidade e construir um mundo de fadas? Será que pelo fato de nos atermos à realidade, isto nos faz preconceituosos? Jura? Mas o conceito não é precisamente uma definição daquilo que existe tal qual é? Continuemos...
    Constatamos a dualidade sexual. A Bíblia apenas diz que isto é o critério válido para a união sexual. Nesta dualidade, uma parte se ordena à outra. Dito de modo claro: o corpo feminino - com o órgão sexual feminino - se ordena ao corpo masculino - com o órgão sexual masculino. A própria natureza testemunha a ordem e naturalidade de tal ato, pois responde com a geração de um filho. Tudo é harmônico.
    O que é que os militantes gays advogam, por sua parte? Que a fisiologia não seria um critério. E qual seria, então? A alma? A psique? Ainda que concedamos tal, não fica explicado porque a fisiologia deveria ser desconsiderada. Mas, por ora, prossigamos. Digamos que alguém pode ser psicologicamente feminino, ainda que fisiologicamente seja masculino. Isto seria constatado por sua atração por sujeitos do mesmo sexo - e quando falamos do mesmo sexo, estamos nos referindo ao aspecto fisiológico; é a linguagem comum nos testemunhando, mais uma vez, o bom senso da importância fisiológica. - Mas, vamos lá. Esse desejo pelo mesmo sexo é fruto da escolha ou é de nascença? 
    1- Se for fruto da escolha, então é permitido escolher o que quer que seja? É totalmente arbitrário, é? Então, é possível escolher crianças? É possível escolher cadáveres? E animais? E que tal se forem uma multidão de pessoas, ao invés de apenas duas? E que tal se for uma árvore? E que tal se for da família? A escolha é assim livre, mesmo?
    2- Se é de nascença, então se está erigindo, de novo, o argumento da natureza como critério. Ora, e quanto à fisiologia, também ela não é de nascença? Por que considerar o primeiro, e desconsiderar o segundo, muito mais palpável?
    Voltando ao primeiro caso, em relação à pedofilia, porque tal relação com crianças não seria permitida, se o que importa é o desejo da pessoa? Será que é porque a criança não deseja também? Mas, e se ela consentir, isto tornaria a pedofilia moral? Não, né? E por que não? Vai ver que é, mais uma vez, por causa da natureza, porque a criança não está naturalmente pronta para a vida sexual. Logo, há um critério válido e superior ao do mero desejo.
    Queres então, oh menina, reduzir tudo isso a mero preconceito? Preconceito é o teu! E não apenas preconceito; é bobice, mesmo! Estreiteza! Tolice!
    Continuemos, que a parte mais grave ainda vem.
    Aqui ela se supera:
    "Então seguindo uma merda dessa como a Bíblia... coisas retrógradas, coisas sem nexo nenhum"
    Ela chama, aqui, a Bíblia de algo nada digno. E eu retomo que o vídeo dela pretende ser uma defesa do respeito e da liberdade de opinião. Ela acredita que aquele artigo do jornal - escrito por um protestante, com linguagem sóbria, todo certinho, e ainda tendo o cuidado de dizer que a crítica ao ato não é crítica à pessoa - era desrespeitoso, enquanto que ela talvez pense que esse seu vídeo, chamando a Bíblia de merda, o Papa de pedófilo e ostentando empáfia, seja o supra-sumo do respeito humano. Oh, minha filha, o que que você tem na cabeça? Vai crescer, piveta. Vai deixar de brincar de xuxa do youtube; vai levar a vida a sério, menina. Deixa disso que faz vergonha... é feio...
    Dizer que a Bíblia não tem nexo nenhum... ora, vá! Tu leu a Bíblia inteira, oh infeliz?! Tu a estudou minuciosamente? Que nada!... 
    Aí ela diz:
    "Essas pessoas chegam a fazer atrocidades contra o próximo"
    Conclusão irrefutável! Aristóteles agora ficou com inveja de tão perfeito acabamento silogístico! Dizer que alguém, pelo fato de criticar teoricamente, num jornal ou nalguma mídia, o homossexualismo, será capaz, também, de cometer atrocidades, foi o auge da iluminação! Siddharta Gautama por certo te visitará e pedirá pra que o ensines tão profunda meditação. O Dalai Lama te pedirá para sucedê-lo. Talvez algum ufo a tenha ajudado nessa descoberta realmente extraterrestre e ultraordinária!

    E, depois, eu me pergunto de onde ela tirou essa idéia de "um próximo", rs... Será que não foi da Bíblia? Por certo, essa idéia moral que ela pensa ter - e que lhe faz rasgar as vestes afetadamente diante de uma suposta atrocidade contra outrem - é proveniente da cultura judaico-cristã. Mas penso que o termo "o próximo" foi também copiado de um rapaz, também mencionado na Bíblia, de nome Jesus. E aí, oh Çabeduria, como é cair no próprio laço?
    Outras frases da mesma natureza fecal:
    "Os mandamentos de uma cartilha de merda"
    "É simplesmente um puro preconceito"
    "Eles se dizem atingidos por essas pessoas - os gays - que não respeitam o pensamento deles. Pura hipocrisia".
    Nisso tudo, não vai um único argumento; somente afirmações gratuitas. Mais uma pérola:
    "Pra vocês verem o que a religião retrocede o pensamento de uma sociedade como um todo"
    Se a religião retrocede o pensamento da sociedade como um todo, convém se perguntar por quais razões misteriosas esta sujeita é, hoje, isenta de tal nefasta influência! Porque, se é a sociedade como um todo, é a sociedade como um todo, oras. Sabe o que se conclui disso tudo: que esta menina não sabe bulhufas do que tá falando. "Ah, mas eu já fui religiosa... participei até da seita do vale do amanhecer..." Ora, vai plantar batatas!
    Por fim, baixa o "Firósofo Drogado" nela:
    "Você acreditar num ser superior é uma coisa; agora, você impor toda essa balela, de imposições, de mandamentos... porque o ser humano, ele precisa ser feliz, ele vive pra ser feliz, pra viver, pra compartilhar, pra procurar sua felicidade. Não imposições, e que não se pode ser feliz dessa forma; nenhum ser humano é feliz sendo imposto, obrigado por uma lei ou um mandamento; temos que ser livres e temos que respeitar a opinião e a opção seja sexual, seja do que for do próximo. Isso sim é que é liberdade de pensamento, liberdade de ação, liberdade de tudo."

    É.. Esse negócio de "impor imposições" não tá com nada mesmo...

    E eu também concordo que o ser humano "vive... para viver". Muito perspicaz...

    Seria engraçado, também, que alguém acreditasse num ser superior e que o fato de acreditar não implicasse em qualquer obrigação. Sendo que a toda concepção se deve seguir uma atitude que lhe corresponda, é muito engraçada essa imagem de uma Fé que não exija absolutamente nenhum tipo de dever, rs.. hehe.. Isso prova que essa menina realmente entende do assunto! E vejam ainda que ela chama os preceitos religiosos de balela. Ora, ela não os entende; também não constatou a sua veracidade ou falsidade. Logo, toda a argumentação dela é apriorística; é só uma questão de simpatia-antipatia e pronto. Muito científico...
    Mas tem uma coisa que ela diz, que se aproveita: o ser humano vive "pra procurar sua felicidade". Porém, ela aceita isso assim, sem mais? Quem foi que colocou essa inclinação à busca da felicidade no homem? Ele mesmo? Ele mesmo colocou nele mesmo antes de ele nascer? Ou foi a natureza cega e fatalista? E como foi que a natureza conseguiu produzir algo assim, imprimindo no ser humano uma tensão rumo à sua felicidade? Seleção Natural? E, se foi mesmo a natureza, isso não seria uma lei? E uma lei não é uma imposição? Porém, essa menina diz: "nenhum ser humano é feliz sendo imposto, obrigado por uma lei ou um mandamento". Ora, mas se o ser humano vive para buscar a felicidade, que raios de busca é essa, e como foi que ela foi parar no ser humano? Conclusão: o ser humano tem uma lei natural que o faz buscar a felicidade; porém, como a felicidade não se consegue por imposição de uma lei, essa busca da felicidade é um grande troll da natureza que, cega e fatalista, conseguiu ainda fazer uma baita piada. hahaha... LOL
    Aí ela põe que temos de ser livres e respeitar a opinião dos outros. Ora, é isso o que ela faz com os cristãos? Foi isso o que ela fez com a posição do rapaz que escreveu aquele artigo de jornal? Minha filha, você não nota que você mesmo desfaz tudo quanto você afirma? Que doidice é essa, menina?
    Segue ela: "Isso sim é que é liberdade de pensamento, liberdade de ação, liberdade de tudo". rsrs... Liberdade de tudo? As leis deveriam inexistir de todo, né? Já que nada deveria ser imposto, então... Deixa os pedófilos e os criminosos quietos, né? Deixa eles à vontade, afinal, deve haver "liberdade de ação, liberdade de tudo". Aiai...
    Aí, no final, sem ter mais o que falar - tendo despejado tanta besteira em tão pouco tempo - ela consegue surpreender ainda mais: lembra-se de uma notícia onde um jornalista, fazendo a reportagem a respeito da vítima de um acidente que dizia ser preciso ter fé em Deus, termina por concordar com ele, afirmando que realmente é preciso ter muita fé para recomeçar. Diz ela, então, que ficou indignada, porque o jornalista "não tinha o direito" de falar isso, pois deve ser imparcial.
    Ai, Et Bilu!... Que que é isso?! O.o Pra começar, o assunto nem era sobre religião, para exigir imparcialidade nesse âmbito. Depois, a extrema susceptibilidade que esses ateus demonstram à mínima referência a Deus é verdadeiramente sintomático do que os afeta: um ódio puro e simples ao sagrado. Desejam que Deus não exista, mas, como não podem efetivar a sua disparatada vontade, tentam fazer com que Ele não seja crido, não seja levado a sério, e seja reduzido, aos olhos dos incautos, a um amontoado de idéias incoerentes e anacrônicas.

    Porém, terminam pagando o ridículo, "para a nossa diversão".

    Para terminar, eu recomendo que a tal menina lave a boca antes de falar de Deus e da Bíblia. Primeiramente, se convença do nada que é; tenha um pouco de senso de realidade! Se diz amar tanto a ciência, comece por adquirir uma visão objetiva das coisas, e isto não se faz senão com humildade. Que Deus lhe tenha misericórdia. Perdoai-a, Pai, pois ela realmente não sabe o que diz...

    Fábio.
    ----

    Ps.: O comentário que fiz desse vídeo foi apenas uma exceção. Se fosse parar para falar sobre toda besteira que sai na net, não daria conta, pois, como diz a Escritura, stultorum infinitus est numerus (o número dos estultos é infinito). Mas é que ele me pareceu tão irrazoável, tão monumentalmente pretensioso e desproporcionalmente afetado, que não resisti à tentação. Mea culpa...

    Catolicismo, a Religião da Verdade


    "De modo nenhum, considero a minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo a minha carreira e realize o serviço que recebi do Senhor, ou seja, testemunhar o Evangelho da graça de Deus. Hoje dou testemunho diante de todos vós: eu não sou responsável se algum de vós se perder, pois não deixei de vos anunciar todo o projeto de Deus a vosso respeito”. 
    (At 20, 24;26, 1ª Leitura de Hoje)
    ***

    "Aquele que não progride, regride", é o que aprendemos na mais básica aula de catecismo. Na verdade, não seria preciso passar por uma aula para percebê-lo. Cada um, observando a si mesmo, notará que é muito mais fácil aderir a um vício ou permanecer num ócio covarde do que comprometer-se. Mesmo que pretendamos nos abster, permanecendo numa utópica neutralidade, a nossa inclinação natural nos faz trair o bem, de modo que, para sermos fiéis a Deus ou aos nossos próprios ideais, é preciso um esforço ativo. A virtude exige trabalho.
    Como se vê, a máxima com que iniciei este post não é uma afirmação apriorística; muito pelo contrário, ela se fundamenta na realidade. E assim é com tudo o que a Igreja diz, ainda que certos âmbitos da realidade estejam além do que podemos imediatamente constatar.
    No entanto, hoje nós vivemos a situação curiosa de "católicos" que relativizam o ensino da Igreja, e, sob um manto de "tolerância" ou de "fraternidade", passam a abrir mão de qualquer coisa de definitivo, como se fosse mais virtuoso ter esse caráter fluido que aceita tudo e que não condena nada. Mas a verdadeira tolerância não é isso; a verdadeira caridade não é isso; a verdadeira misericórdia não é isso.
    Sua Santidade Bento XVI já escrevia com profunda clareza:
    "Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor, numa cultura sem verdade; acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e adulterada chegando a significar o oposto do que é realmente". (Caritas in Veritate, n.3)
    O cristianismo naturalmente é a religião da Verdade, pois o Cristo disse de Si mesmo: "Eu sou a Verdade". Para um cristão, algo que cause bem estar mas que seja falso, não tem valor nenhum. Seria uma espécie de droga que tira o senso da realidade para produzir uma "felicidade" falsa. Tal espécie de sedativo impede que o cristão, tendo contato com o que seja real, venha a experimentar aquela alegria que, fundada na verdade, superabunda tudo. "Que minha alegria esteja em vós e que vossa alegria seja plena", dizia Jesus. S. João da Cruz, falando dessa alegria fundada na verdade, e não na imaginação humana, dizia que um só toque dela já paga todo o sofrimento da vida.
    O grande ponto, então, é saber qual seja a verdade.
    Estes últimos dias eu tenho tratado bastante do protestantismo, que é, obviamente, falso. Algumas pessoas inclusive se indispõem comigo. Outras não se incomodam. Algumas pensam que eu sou intolerante, embora minha intolerância se restrinja às idéias equivocadas do protestantismo. Essas mesmas pessoas, porém, acreditando-se tolerantes, deixam de me tolerar enquanto pessoa e abrem mão da minha amizade, como se fosse a coisa mais sem valor do mundo. 
    Se para ser amigo de alguém, for preciso ser falso, tal amizade pode ser dispensada. Certa vez, criticaram a Aristóteles pelo fato de se opor a seu professor e amigo, Platão, ao que ele respondeu: "sou mais amigo da Verdade". E considerando que, para o cristão, a verdade é uma Pessoa, com muito mais razão eu posso e devo dizer a mesma coisa. Uma amizade sincera não se fundamenta no erro nem na mentira. Pois bem! Uma amizade que não suporte a verdade não é digna desse nome. Nunca exigi que alguém fosse católico para ser meu amigo; o que espero é que esse alguém aceite o fato de eu sê-lo com tudo o que isso implica. Esse negócio de fingir para manter o conforto é um modo de prostituição da própria alma. Não quero isso. A amizade que é reduzida a mera formalidade e que tem como valor único e último o de "ser absolutamente agradável" sem apreço pela verdade torna-se antes um caricato ofensivo e ridículo.
    Mas, continuemos.
    Eu penso que todos os cristãos deveríamos nos interessar profundamente por este assunto. Aliás, qualquer pessoa sincera deveria fazê-lo, pois é de crucial importância saber se há, de fato, uma verdade e, havendo, qual seja ela. 
    Nós vivemos num tempo subjetivista em que vale mais sentir ou achar alguma coisa do que aprender, de fato. As pessoas preferem construir a própria verdade; uma religião que lhes agrade a sensibilidade, um Deus que se assemelhe às próprias suposições. Bêbadas de tal soberba e pretensão - ao mesmo tempo em que se acham humildes -, terminam acreditando que as religiões nada mais do que esse mesmo fenômeno de construção subjetiva, só que feito por um coletividade. As religiões seriam somente organizações mais ou menos sistemáticas e meramente culturais. Isto explicaria, talvez, as tensões entre costumes conservadores e o mundo moderno, que os considera totalmente anacrônicos. É com base nisso ainda que a gente tem de assistir a certas manifestações enérgicas contra a inaceitável pretensão do catolicismo de se dizer a verdade absoluta sobre a realidade.
    Muita gente começa a pensar a respeito das religiões tendo esse pressuposto: elas são apenas uma tentativa humana de dar conta da dimensão do sagrado. Com tal simplismo, não espanta realmente que cheguem a conclusões relativistas. Porém, como o ser humano tem fome de absoluto, então o relativismo tornar-se-á a nova verdade absoluta: "não há verdades absoluta. Eis a única verdade absoluta". Quando chega a esta afirmação - o esvaziamento da verdade -, o sujeito só poderá estabelecer como critério válido de uma religião o fato de ela confortar, ou de ser poética, ou bonita, ou estimular o comportamento ético, etc. Mas tudo isso é muitíssimo (e bota "íssimo" nisso) secundário. Quem reduz a religião a essas questões está vendo somente uma sombra muito fraca do que ela é, de fato!
    Como eu falava no início, as afirmações do catolicismo se baseiam na realidade. Se o catolicismo faz feliz, é porque esta é uma propriedade inerente à Verdade. E se ele pretende dizer a Verdade, isto implica na renúncia em inventar ou criar alguma verdade própria. Uma pessoa que faça da religião um manual de auto-ajuda e que para isto romanceie tudo sem se importar se o objeto de sua crença, de fato, corresponde à verdade,  não está a viver nenhuma religião, a não ser a da auto-ludibriação e adoração de si mesma.
    Para conhecer, de fato, alguma coisa, a primeira atitude a se tomar é a de aceitar que a coisa seja tal qual é, isto é: eu não vou projetar o que eu quero que ela seja. Primeiro, eu tenho de respeitá-la e submeter-me à sua realidade. A grande força da inteligência está em submeter-se ao que é real. Se ela, ao contrário, cria uma verdade própria, não chegará a conhecer a coisa tal qual é. Daí que a humildade deve ser o grande pressuposto da inteligência. Sta Teresa D'Avila diz que a humildade é a verdade; poderíamos dizer também que a humildade vê a verdade. Porém, para conseguir isto, o nosso conceito de humildade também deve ser verdadeiro. De nada adianta eu pensar que ser humilde é ser um mole que aceita tudo e não afirma nada. Isso não é humildade; é bobice e romantismo.
    "Essa falsa humildade é comodismo; assim, tão "humildezinho", vais abrindo mão de direitos... que são deveres" S. Josemaria Escrivá, Caminho, 603.
    Como que a Igreja pode se dizer a detentora da Verdade? Primeira coisa: não raciocinemos partindo da quarta ou da quinta parte. Vejamos os pressupostos. O que é uma religião? É uma tentativa de se religar com Deus. Por que se religar? Porque nós perdemos, há muito tempo, a ligação que tínhamos. Pronto: estamos a falar do Pecado Original. Todas as antigas grandes religiões partilham da mesma intuição: fizemos alguma besteira monumental no início que nos colocou em maus lençóis com Deus. Desde então, os homens tentaram remediar isto. Porém, a solução estava muito acima da mera capacidade humana. É por isso que Deus prometeu, desde o Gênesis, que iria enviar alguém capaz de fazer isso. E, de fato, enviou. Quem foi? Jesus.
    Pois bem. Jesus vem ao mundo, não para que os homens aprendam a ser educadinhos e respeitem toda teoria, discurso e movimento religioso. Não. Jesus mesmo responde para que veio: "Eu vim para dar testemunho da Verdade. Para isso nasci e vim ao mundo". Logo, um Jesus que não se importe com a verdade, mas que queira somente o conforto e o bem estar dos homens é um Jesus inexistente, uma invenção romântica da modernidade. Seguir uma figura assim é fabricar um ídolo; é idolatria. É preciso respeitar Nosso Senhor tal qual Ele é. E se alguém tem de mudar seus conceitos, somos nós, não Ele.
    Pois bem. Jesus diz ainda: "Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará". Logo, a única coisa capaz de libertar o ser humano não é o auto-engano de uma religiãozinha politicamente correta e simpática com todo tipo de discurso. Somente a verdade é capaz de libertar o ser humano. Qual seria, então, a verdade? É o que dizíamos acima: a verdade é uma pessoa - Jesus Cristo.
    "Tudo bem que Cristo seja a verdade... Porém, daí a afirmar que o catolicismo é a Verdade é um salto e tanto, né não?"
    Né não! Penso que a argumentação seguinte já é bem conhecida, mas a façamos de novo, e de modo resumido: Jesus fundou uma Igreja; isto é fato. Qual é essa Igreja? É a Igreja Católica que existe desde os Apóstolos, com Pedro à frente. Qual a dificuldade de se entender isso?
    Jesus, ao fundar Sua Igreja, lhe fez duas promessas: "As portas do inferno não prevalecerão contra ela" e ainda "Eu estarei convosco até o fim do mundo". O que se deduz disso? É fácil:
    1- A Igreja nunca se corromperia.
    2- Ela perduraria até o fim dos tempos.
    Porém, é também notório que os homens são sujeitos difíceis e tenderiam a distorcer a verdade, aqui e ali. Só que, se Jesus se fez homem para que conhecêssemos a verdade, é claro que Ele não deixaria que a verdade se pervertesse. Logo, ele institui a hierarquia da Igreja, à qual Ele diz: "Ide e ensinai" e promete a assistência do Espírito Santo para preservar de erro esta mesma hierarquia. A Verdade católica, portanto, não é mera construção cultural, mas é fruto do próprio Deus que se revelou e falou a nós.
    Ainda assim, alguns sujeitos tentaram corromper esta verdade. Os Apóstolos, desde o início, advertiram para que a Fé fosse conservada integramente contra os "falsos profetas" e as "fábulas" contadas por eles. 


    "Virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas." (II Tm 4,3-4)
    Já no primeiro século, por exemplo, aparece a seita dos docetas que afirmavam que Jesus Cristo não se tinha feito homem, mas apenas tinha assumido a aparência de homem. Motivo: um Deus não podia se rebaixar a tal ponto. E o que foi que a Igreja fez? Achou engraçadinha a afirmação? Não! O Apóstolo João, ao escrever seu Evangelho, já estava a combater esse erro. Foi justamente para atacar essa mentira que ele escreveu bem no início do seu livro: "O Verbo se fez carne", isto é, "não era mera aparência; Ele realmente se revestiu da nossa natureza". Logo, esse negócio de tolerar as invenções bonitinhas dos outros não se faz senão quando não se ama a Verdade. A Igreja, porém, tem o dever, dado pelo próprio Cristo, de conservar esta verdade intacta. Desrespeitar esse caráter da pureza da Fé é ser infiel ao próprio Cristo, de modo que ninguém ama a Jesus senão Lhe leva a sério.
    "Um homem, um... cavalheiro transigente tornaria a condenar Jesus à morte."
    "A transigência é sinal certo de não se possuir a verdade. - Quando um homem transige em coisas de ideal, de honra ou de Fé, esse homem é um homem... sem ideal, sem honra e sem Fé.
    Aquele homem de Deus, curtido na luta, argumentava assim: - Não transijo? Mas é claro! Porque estou persuadido da verdade do meu ideal. Pelo contrário, você é muito transigente... Parece-lhe que dois e dois sejam três e meio? - Não?... Nem por amizade cede em tão pouca coisa? - É que pela primeira vez se persuadiu de ter a verdade... e passou-se para o meu partido!"
    S. Josemaria Escrivá, Caminho, 393-395.

    Como já dizia o escritor Scott Hahn - antes fervoroso protestante e grande estudioso da Bíblia que se converteu ao estudar seriamente -, o credo que rezamos na Santa Missa, tão despreocupadamente, é, na verdade, um grande drama: por aquelas verdades de Fé, muitíssimos cristãos morreram para não as transigir. Hoje em dia, porém, a tolerância doutrinal que alguns católicos demonstram é, antes, uma vergonha se comparada à valentia e à Fé daqueles outros. Isto porque eles levavam a sério a Fé. Nesse nosso tempo, o martírio é receber a pecha de fundamentalista, bitolado e outras menos honrosas. Os outros, os "tolerantes", além de não complicarem a vida e não se importarem com nada, ainda são elogiados e tidos como os verdadeiros seguidores do Senhor. Ora, vá! Jesus foi para a Cruz justamente por não tolerar essas coisas. Os primeiros cristãos foram perseguidos e mortos, não por adorarem a Jesus, mas por dizerem que Ele era a única verdade.
    A Igreja, então, é no mundo aquela que resguarda a verdade. E é só ter um pouco de disposição para ver que ela é praticamente a única que luta continuamente para que algo de dignidade ainda persevere no mundo. O protestantismo, ao contrário, surge dos disparates de Lutero que, além de ser um blasfemo que chamava Jesus de fornicador, dentre outras sandices, era ainda um beberrão, imoral e suicida. Sinceramente, supor que um sujeito assim poderia criar algo que preste, convenhamos, é meio irreal; é entrar no mundo dos teletubies ou andar na nuvenzinha cor de rosa dos ursinhos carinhosos. Não se está a afirmar aqui que não existam protestantes sinceros e morais. Está-se aqui a falar do protestantismo em si; não das pessoas que lá estão. Há gente boa lá, assim como há gente safada no catolicismo, oras. Porém, o catolicismo tem natureza sobrenatural e é realmente capaz de perdoar pecados e produzir a Graça na alma. O protestantismo, não; ele somente pode ser eficaz enquanto código de ética ou estimulador de virtudes morais. Porém, nele o sujeito fica limitado aos seus próprios esforços que, conforme vimos acima, não são suficientes para elevá-lo à ordem sobrenatural.
    Percebamos, portanto, que o fato de a Igreja Católica ser a única e professar a verdade é algo real! Ou se leva a sério isso, ou não se crê em Jesus Cristo. A minha dica pra muita gente nem seria a de estudar a história da Igreja ou os fatos dos primeiros séculos. Eu recomendaria tão somente ler atentamente os Evangelhos para notar que Jesus não era um abobado sorridente a brincar de ciranda com os Apóstolos. Era e é um Sujeito muito sério. Não foi à toa que Ele veio; não quis apenas ser um exemplo. Ele veio para o Sacrifício e, com isso, conquistou-nos algo que absolutamente não poderíamos conseguir sozinhos. Para ter acesso a este algo, cumpre ser batizado e receber, pelos Sacramentos da Igreja, a comunhão com Ele. A única forma de isentar-se desta obrigação é se a pessoa estiver no estado de "Ignorância Invencível" que, porém, já é assunto para um outro artigo.

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    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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