É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.
19º DOMINGO COMUM - ANO B !
Eu sou o Pão que desceu do Céu.
A Liturgia da Palavra deste 19º Domingo Comum – B, vem ainda outra vez, na continuação dos dois Domingos anteriores, insistir no Mistério da Eucaristia, apresentando Jesus como o Pão da Vida.
Pela Fé o homem sente Deus a seu lado, no trabalho, na família, em toda a sua vida, porque «sem Mim nada podeis fazer» !
Mas a presença do Senhor torna-se mais visível na celebração da Eucaristia e na proclamação da Sua Palavra.
A Fé, não isentando o cristão das dificuldades do dia-a-dia, transmite-lhe esperança na vitória do bem sobre o mal, do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte.
Esta confiança, radicada na fé, há-de levar o homem a uma maior fidelidade à vontade de Deus.
A 1ª Leitura do 1º Livro dos Reis, diz-nos que uma sensação de abandono gera no espírito de Elias um estado de abatimento e mesmo de desespero.
Morrer no deserto onde o povo andou errante, onde Moisés suportou a revolta do mesmo povo e onde Agar ficou sepultada, será simultaneamente libertação e glória.
- "Elias, desejou então morrer e disse «Agora, Senhor, já basta ! Tirai-me a vida que eu não sou melhor que meus pais».(...). Levanta-te e come, que a caminhada é muito grande". (1ª Leitura).
Mas Deus que dá a vida e fortalece a esperança, tem a seu respeito um plano diferente.
Envia-lhe um anjo com o sustento corporal e espiritual.
Ali mesmo alimentara também o povo com o maná.
E, deste modo, Elias pôde levar a bom termo a missão que o Senhor lhe confiara.
A história do profeta Elias, é a história de todos nós.
Temos que nos alimentar frequentemente porque temos uma grande missão a cumprir e para sentirmos como o Senhor é bom, como proclama o Salmo Responsorial :
- "Saboreai e vede como o Senhor é bom".
Na 2ª Leitura S. Paulo lembra aos Efésios, e hoje também a todos nós, que o Senhor nos amou ao ponto de Se oferecer como vítima, agradável a Deus e necessária à nossa salvação :
- "E entregou-Se a Si mesmo por nós, oferecendo-Se como vítima agradável a Deus". (2ª Leitura).
É que a fé não é apenas um acto da inteligência, mas também um acto da vontade humana que, com o alimento da Eucaristia, nos deve conduzir à prática do bem, evitando tudo o que nos pode afastar de Deus.
O Evangelho é de S. João, e diz-nos que Cristo convida os seus ouvintes a acreditarem na Sua Palavra, a acreditarem n'Ele, que é a Vida.
Um pão que alimenta, que não nos deixa morrer mas nos leva à vida eterna :
- «Eu sou o Pão que desceu do Céu»(...). Quem acredita possui a vida eterna. Eu sou o Pão da vida. No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas o Pão que desce do Céu é tal que, se alguém comer dele, não morrerá". (Evangelho).
É natural o espanto gerado entre a multidão.
Se somente Deus tem palavras de vida eterna, como pode o filho de Maria e José dizer que Ele próprio é o pão da vida ?
As palavras de Jesus são um apelo à fé e são também o anúncio da Eucaristia – Sacramento em que Ele nos dá como Pão da vida o Seu próprio Corpo.
A Eucaristia é o coração da Igreja.
S. Leão Magno tinha dito a respeito da Comunhão :
- "A nossa participação no Corpo e no Sangue de Cristo tende unicamente a tornarmo-nos aquilo que nós comemos".
Ora vejamos o que é que Jesus disse sobre este ponto :
- "Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, assim também o que Me come, viverá por Mim".(Jo.6,57).
Esta expressão "assim como", refere-se a duas coisas : a origem e a finalidade.
Assim, quem come o Corpo e bebe o Sangue de Cristo, vive "por causa dele" e para se "transformar nele", isto é, para a sua glória, para o seu amor e para o seu Reino.
Assim como Jesus vive por causa de e para o Pai, também nós, participando no mistério do seu Corpo e Sangue, vivemos por causa de e para Jesus.
Os Santos Padres da Igreja também tomaram como exemplo o alimento físico, para explicarem este mistério, dizendo que é a mais forte forma de vida que assimila a fraqueza e não vice-versa.
O mundo dos vegetais assimila minerais, e os animais assimilam vegetais, e o espiritual assimila o material.
Para os que O recebem, Jesus diz :
- "Tu não Me podes mudar para a tua substância, mas em vez disso, tu deves transformar-te em Mim".
O alimento não é uma substância viva e, portanto, não pode dar a vida; ele é apenas uma fonte de vida que alimenta e mantém a vida que nós temos.
Mas, ao contrário, o Pão da Vida, é um Pão Vivo, e aqueles que o recebem, vivem por ele.
Assim, enquanto a comida alimenta o corpo – peixe, pão e todos os outros alimentos – é assimilado pelo corpo e forma o sangue humano, acontece o contrário com o Pão da Vida, que dá a vida àqueles que o recebem, assimila-os e transforma-os em si mesmo.
Nós somos levados por Cristo a viver a vida que está nele; ele diz de si mesmo que é "o Pão da Vida", precisamente para nos fazer compreender que não nos alimenta como o faz um ordinário alimento, mas que, assim como ele possui a vida, ele dá-nos essa vida e acrescenta :
- "Aquele que Me come, vive por Mim".
Para dizer que Jesus "nos assimila na comunhão significa que, de facto, Ele nos torna semelhantes a Ele nos nossos sentimentos, nos nossos desejos e na nossa maneira de pensar; numa palavra, Ele cria em nós a mesma mentalidade de Jesus Cristo, como disse S. Paulo :
- "Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus". (Fil.2,5).
Jesus faz isso porque Ele é o "coração" do Corpo Místico.
De facto, qual é a função do coração no corpo humano ?
O sangue empobrecido dos seus elementos vitais e contendo resíduos de toxinas no organismo, volta ao coração.
Nos pulmões o sangue é reoxigenado e, assim regenerado e enriquecido de elementos nutritivos, é reenviado pelo coração a todo o organismo.
Num nível espiritual, o mesmo acontece no coração da Igreja, que é Cristo.
Assim corre em cada Missa o sangue empobrecido de todo o mundo; e assim, pela Comunhão, ficam regeneradas as almas das suas infidelidades, como se recebessem um novo sangue purificado, ao que Santo Inácio de Antioquia chamou a "medicina da imortalidade".
É o que S. João nos quer dizer na sua Primeira Carta :
- "Mas, se andarmos na luz, como Ele está na luz, estamos em comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, purifica-nos de todo o pecado".(1 Jo.1,7).
Nunca poderemos imaginar a dimensão de toda a verdade e de toda a realidade de que a Eucaristia é o Coração da Igreja.
Vivendo de harmonia com esta maravilhosa realidade, estaremos a dar a nossa melhor resposta à Presença Real de Cristo total na Eucaristia e a preparar-nos para termos parte na História da Salvação.
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Diz o Catecismo da Igreja Católica :
1396. – A unidade do Corpo Místico : a Eucaristia faz a Igreja. Os que recebem a Eucaristia estão mais intimamente unidos a Cristo. Por ela, Cristo une todos os fiéis num só corpo : a Igreja. A Comunhão renova, fortalece e aprofunda esta incorporação à Igreja já realizada pelo Baptismo. No Baptismo fomos chamados a formar um só Corpo. A Eucaristia realiza este apelo : «Não é o cálice da bênção, que nós abençoamos, uma comunhão com o Sangue de Cristo ? Não é o pão que nós partimos uma comunhão com o Corpo de Cristo ? Uma vez que existe um só pão, nós, que somos muitos, formamos um só corpo, visto participarmos todos desse único pão» (1 Cor.10,16-17).
Nascimento
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