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    quarta-feira, 8 de agosto de 2012

    A epopeia gloriosa de Santa Joana d’Arc entra pelo III milênio

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    Heróis medievais

    Tribunal tenta enganar a heroína. Santa Joana d’Arc – 2


    continuação do post anterior

    Procura de pretextos


    O tribunal devia declará-la ré de contatos com o demônio para desmoralizar sua imensa fama. D. Cauchon procurava um pretexto para declará-la herética, tendo-lhe exigido várias vezes: “Fala teu Pai Nosso”. A santa respondia sempre: “Ouvi-me em confissão, eu vo-lo direi com muito gosto”.

    Incomodado pelo pedido, respondeu encolerizado o mau eclesiástico: “Joana, você está proibida de sair da prisão sem nossa aprovação, sob pena de ser assimilada a um culpado convicto de heresia”.

    – “Eu não aceito essa proibição. Se eu fugir, ninguém terá direito de dizer que violei a palavra dada porque não a engajei a pessoa alguma”.

    – “Em meu país [Domrémy, Lorena] me chamam de Joaninha. Na França, desde que cheguei me chamam de Joana. Minha mãe me ensinou o Pai Nosso, a Ave Maria e o Credo. Eu não aprendi minha fé de mais ninguém senão de minha mãe”.


    As vozes sobrenaturais que ela ouvia todos os dias desde o início de sua missão foram um dos pretextos para tentar fazê-la cair em erro ou contradição.

    – “Quando é que você começou a ouvir as vozes?”

    – “Eu tinha 13 anos quando ouvi uma voz de Deus para ajudar-me a conduzir-me bem. Da primeira vez eu tive muito medo. Esta voz vinha ao meio-dia, durante o verão, no jardim de meu pai”.

    A casa de Santa Joana d'Arc em Domremy

    – “Eu ouvi essa voz proveniente do lado direito, do lado da igreja, e raramente ela chegava até mim sem ser acompanhada de uma grande luminosidade. Tal luminosidade vinha do lado da voz. E desde que cheguei à França, ouço a voz com frequência. Se eu estivesse numa floresta, também ouviria essas vozes”.

    – “Como era a voz?”.

    – “Era uma voz bem nobre e acredito que era enviada da parte de Deus. Na terceira vez que eu a ouvi, percebi que era a voz de um anjo. Ele sempre me protegeu. Eu era uma pobre menina que não sabia cavalgar nem fazer a guerra”.

    – “E você ouve frequentemente a voz?”.

    – “Não há dia que não a ouça, e também sinto muito necessidade dela”.


    A “Árvore das Fadas” em Domrémy


    Não longe de Domrémy havia uma velha e frondosa árvore chamada “Árvore das Fadas”, onde as crianças se reuniam para brincar, A camponesa Hauviette, casada com um homem do povo de nome Gérard, assim descreveu essa árvore:

    – “Havia desde tempos antigos na nossa região uma árvore apelidada “Árvore das Damas”. Os anciãos diziam que ela estava assombrada por damas chamadas fadas. Entretanto, jamais ouvi falar de alguém que tivesse visto as fadas. As crianças da aldeia, mocinhas e rapazes, iam até a “Árvore das Damas” levando pães e nozes, e também à fonte das Groselheiras, no domingo de Laetare Jerusalem, que nós denominamos domingo das Fontes. Lembro-me ter ido com Joaninha, que era minha colega, e outras meninas. Nós comíamos, corríamos e brincávamos”.


    Fonte junto à "Árvore das Fadas"

    D. Cauchon voltava ao assunto com insistência obsessiva, e a malícia do tribunal aumentava.

    Interrogador: “Então, a voz vos proíbe dizer tudo?”.

    Santa Joana: “Eu tive revelações relativas ao rei que não vos contarei”.

    Interrogador: “Mas essa voz a que você pede conselho tem rosto e olhos?”.

    Santa Joana: “Vós não extorquireis de mim o que quereis. Há um ditado das crianças segundo o qual as pessoas acabam enforcadas por terem dito a verdade”.


    As vozes ouvidas pela Donzela


    Em 27 de fevereiro houve o quarto interrogatório público. O tribunal ocupou-se das aparições de Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia, pelas quais a Donzela tinha grande devoção.

    Interrogador: “Como é que você sabe que estas são duas santas? Você distingue bem uma da outra?”.

    Santa Joana: “Eu distingo bem uma da outra pela saudação que elas fazem. Elas enunciam seu nome”. E acrescentou:

    – “Eu também recebo conforto de São Miguel”.

    Interrogador: “Qual foi a voz que você ouviu primeiro?”.

    – “Foi a de São Miguel. Vi-o com meus olhos e ele não estava sozinho, mas muito bem acompanhado pelos anjos do Céu”.

    Interrogador: “Você viu São Miguel e os anjos como corpos reais?”.

    – “Eu os vi com os olhos de meu corpo tão bem quanto eu vos vejo. Quando eles partiram, eu chorei e desejei muito que eles me levassem consigo”.

    Interrogador: “Eles estavam nus?”.

    – “O Sr. julga que Deus não tem com que vesti-los?”.

    Interrogador: “Que efeito produzia sua presença?”.

    – “Vendo-os eu sentia uma grande alegria, e ao vê-los parecia que eu não estava em pecado mortal”.

    Interrogador: “Você se julga isenta de pecado mortal?”.

    – “Se eu estou em estado de pecado mortal é sem sabê-lo”.

    São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida falavam à Santa

    Interrogador: “Mas quando você se confessa, você não acredita estar em pecado mortal?”.

    – “Eu não sei se alguma vez estive em estado de pecado mortal. Acredito não ter praticado más obras. Deus queira que jamais eu tenha caído em semelhante estado! Deus não permita que eu faça uma ação que pese sobre a minha alma!”.

    Interrogador: “Você sabe se você está em estado de graça?”.

    – “Se eu não estou, que Deus me restaure; e se estou, que Deus me mantenha nele! Eu seria a pessoa mais infeliz do mundo se soubesse que não estou na graça de Deus. Mas se eu estivesse em estado de pecado, acredito que a voz não se dirigiria a mim. Eu desejaria que cada um a ouvisse tão bem quanto eu a ouço”.


    No dia 1º de março, os interrogadores voltaram ao assunto.


    Interrogador: “Desde a última terça-feira você conversou com Santa Catarina e Santa Margarida?”.

    – “Ontem e hoje. Não há dia que não as ouça. Eu as vejo sempre da mesma forma e suas cabeças estão muito ricamente coroadas. A voz delas é boa e bela, eu escuto-as muito bem. É uma bela, doce e humilde voz, e exprime-se em francês”.

    Interrogador: “Mas, então, Santa Margarida não fala em inglês?”.

    – “Mas como ia ela falar inglês, se não é do partido dos ingleses?”. O interrogador mudou de assunto.

    Interrogador: “Você tem anéis?”.

    – (Dirigindo-se a D. Cauchon): “Vós, senhor bispo, tendes um que é meu; devolvei-mo”.

    Interrogador: “Mas você não tem outro?”.

    – “Os borguinhões têm outro que é meu. Mas vós, senhor bispo, mostrai meu anel, se vós o tendes”.


    O bispo silenciou.

    continua no próximo post





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    Marcadores: França, Inglaterra, Santa Joana d'Arc
    quarta-feira, 1 de agosto de 2012

    A epopeia gloriosa de Santa Joana d’Arc entra pelo III milênio. Santa Joana d’Arc – 1


    Santa Joana d'Arc: estátua em Paris, do escultor Frémiet


    Em 6 de janeiro de 2012 comemorou-se o sexto centenário do nascimento de Santa Joana d’Arc na hoje quase esquecida aldeia de Domrémy-la-Pucelle, na França.

    Pastorinha chamada por Deus para realizar um feito sem igual no Novo Testamento, ela restaurou a França, país então sem esperança, arruinado pelo caos político-religioso e ocupado em larga medida pelos ingleses.

    Reinstalou no trono o rei legitimo e levou à vitória seus desanimados exércitos.

    Considerada como profetisa do Novo Testamento, a santa gravou o nome de Jesus na bandeira com que conduzia as tropas ao combate.

    Dois séculos e meio depois, o Sagrado Coração viria pedir a Luis XIV, rei da França, mediante aparição à vidente Santa Margarida Maria Alacoque, que gravasse sua imagem nas bandeiras reais.

    Aprisionada por ocasião de uma escaramuça, Santa Joana d’Arc foi julgada por um tribunal iníquo que a condenou a ser queimada como bruxa na cidade de Rouen, em 1431.

    Hoje, porém, a história da santa, canonizada em 1920, faz vibrar o mundo.

    Muitos eclesiásticos e inúmeros de seus devotos estão certos de que sua missão não terminou.

    Pelo contrário, que a santa vai continuá-la em nossos dias, comandando do Céu a restauração da Igreja e da sociedade temporal. Ideia que explica a incrível retomada de interesse pela Donzela de Domrémy.

    Catedral de Orleans enfeitada pelo 600º aniversário da nascença

    Quem foi Joana d’Arc e como eram as vozes do Céu que ouvia? Como fez o que parecia impossível?

    Leiamos suas palavras, que expõem a proeza que realizou, seu martírio e sua missão póstuma, registrados no processo que a condenou.

    Analisemos também os depoimentos de muitos que a viram em pessoa. Com esses dados reconstituiremos não toda a sua história, mas alguns momentos-chave da odisseia da virgem-guerreira.

    Santa Joana d’Arc enfrenta um tribunal ilegítimo


    Numa escaramuça junto às muralhas de Compiègne, Santa Joana d’Arc foi aprisionada e vendida aos ingleses que haviam invadido a França.

    Orleans comemorou o 600º aniversário da nascença de Santa Joana d'Arc

    Estes queriam condená-la como bruxa para tentar vencer a fabulosa reação que ela inspirou.

    Porém, como simples militares, eles não tinham meios para realizar isso. Necessitavam recorrer a maus religiosos do país ocupado.

    Promoveram então a instalação de um tribunal composto por mais de 50 eclesiásticos e legistas dirigidos pelo bispo de Beauvais, D. Pierre Cauchon.

    Este tribunal, que a condenou em 1431, era destituído de qualquer competência jurídica, civil-criminal ou canônica.

    As palavras da santa e de seus injustos interrogadores foram registradas com minúcia pelos escreventes do tribunal. Anos depois, num processo concluído em 1455 e validamente conduzido, as legítimas autoridades civis e eclesiásticas declararam nulo o processo contra a santa, cuja memória reabilitaram.

    (O processo redigido em latim e francês antigo, foi traduzido pelo monge beneditino R. P. Dom H. Leclercq (1906) e reeditado pelas Éditions Saint-Remi (2005). O trabalho inclui os depoimentos escritos de diversas testemunhas apresentados no processo de reabilitação. Texto completo do processo usado para esta série em: http://www.abbaye-saint-benoit.ch/saints/jeanne/index.htm.).

    Por fim, um processo de beatificação realizado no século XX constatou a heroicidade de suas virtudes, e Bento XV a canonizou em 1920.

    O Bispo Cauchon, chefe do tribunal


    O advogado Nicolas de Bouppeville, contemporâneo de Santa Joana d’Arc, depôs da seguinte forma sobre o presidente do tribunal:

    “Eu jamais acreditei que o bispo de Beauvais estivesse engajado no processo pelo bem da Fé ou por zelo da Justiça. Ele obedecia simplesmente ao ódio que lhe inspira o devotamento de Joana ao rei da França; longe de capitular diante do medo aos ingleses, ele não fez senão executar sua própria vontade. Eu o vi relatar ao regente [o duque de Bedford] e a Warwick suas negociações para comprar Joana; ele não continha seu contentamento e falava com animação”.


    O escrevente Guillaume Manchon registrou:

    “Numa sessão, Frei Isambard dirigiu-se a Joana, tentando orientá-la e informá-la sobre o alcance da submissão à Igreja. ‘Calai-vos, em nome do diabo’, interrompeu o bispo aos berros”.


    O bispo Cauchon estava tomado de ódio e espírito democrático contra a Santa

    Um dos agentes do bispo foi o cônego da catedral de Rouen, Nicolas Loyseleur, que fingia simpatizar com Carlos VII e com a Donzela, a quem dava continuamente péssimos conselhos. D. Cauchon autorizou a santa a confessar-se somente com ele. Foi um dos signatários da condenação e até propôs que a santa fosse torturada.

    Sobre ele, testemunhou o escrivão Guillaume Boisguillaume: “Eu acredito que o bispo de Beauvais estava bem a par da situação; sem ele Loyseleur não teria ousado agir como o fez. Muitos assessores do processo murmuravam isso”.

    Jean d’Estivets, promotor no processo, também entrou disfarçado na prisão de Joana, declarou Boisguillaume.

    “Esse d’Estivet teve a função de promotor e, no caso, mostrou-se muito apaixonadamente favorável aos ingleses, que ele queria agradar. Ele dirigia injúrias ferozes contra Joana. Acredito que Deus o puniu na hora da morte, pois foi encontrado num brejo às portas de Rouen. Aliás, ouvi dizer, como fato de domínio público, que todos os que condenaram Joana pereceram miseravelmente. Foi o caso do clérigo Nicolas Midi (da Universidade Paris, que pronunciou o sermão na hora de Joana ser queimada), atingido pela lepra poucos dias depois, e do bispo Cauchon, que morreu subitamente enquanto fazia a barba”.


    Em 24 de fevereiro, enquanto era interrogada, a Donzela pediu licença para falar e disse ao bispo:

    – “Eu vos digo: prestai atenção no que vós tentais, porque vós sois meu juiz e assumis uma pesada carga tentando me inculpar”.

    Cauchon: “Chega, eu exijo, jura!”.

    Santa Joana: “Eu direi com todo gosto o que eu sei, mas não tudo agora. Eu venho da parte de Deus e não tenho nada a fazer neste tribunal. Eu vos rogo que me mandeis de volta a Deus, de quem eu venho”. E acrescentou:

    – “O que eu sei bem, é que hoje, quando acordei, a voz me disse para responder com intrepidez. [E voltando-se para D. Cauchon :] Vós, ó bispo, dizeis que sois meu juiz; prestai atenção naquilo que estais a fazer, pois em verdade eu fui enviada da parte de Deus e vós vos colocais num grande perigo”.


    continua no próximo post

    http://heroismedievais.blogspot.com.br/2012/08/tribunal-tenta-enganar-heroina-santa.html





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    Postado por Luis Dufaur às 03:30 0 comentários
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    quarta-feira, 18 de julho de 2012
    Balduíno IV, de Jerusalém, o Rei Leproso – 2

    Coroação de Balduino IV, rei de Jerusalém
    Coroação de Balduino IV, rei de Jerusalém
    continuação do post anterior

    Coragem e resignação ante a devastação da lepra

    Balduíno continuou a infligir derrotas aos islamitas, embora não pudesse vencer a luta que se travava em seu próprio corpo entre a lepra e as partes sãs. Aquela o deformava de tal maneira, que assim é descrito por um historiador, em 1183:

    “Do belo menino louro, que nove anos antes havia recebido com fausto a coroa, não restava senão um inválido, um ser decaído, repugnante.

    O belo rosto não era senão placas de carne marrom, fechando três quartas partes das órbitas, das quais todo olhar fugira para sempre, cortando-o do mundo, mergulhando-o numa noite eterna.

    Suas mãos elegantes estavam reduzidas ao estado de cotos. Seus dedos amortecidos haviam caído uns após outros, putrefatos. Seus pés haviam tido a mesma sorte e estavam como encolhidos pelo mais cruel dos torcionários chineses.

    Coberto de placas e bolhas, o resto do corpo não estava diferente para se ver. [...]

    Ao preço de esforços por vezes espantosos, ele continuava a assumir seu papel de rei.

    Jamais havia faltado a um combate, jamais fugido a uma responsabilidade”(7).


    Veja vídeo
    Montgisard: Balduino IV e
    500 templários desfazem
    o exército de Saladino
    Balduíno IV, o rei heróico e virtuoso, semelhante ao admirável monarca francês São Luís IX, e cuja vida não foi senão uma lenta agonia, entregou a Deus sua alma pura no mês de março de 1185, aos 24 anos de idade.

    “Tendo mantido até seu último suspiro a autoridade monárquica e a integridade do reino, soube também morrer como rei”.(8)


    * * *
    Notas:
    (1) René Grousset, Histoire des Croisades et du Royaume Franc de Jérusalem, Paris, Librairie Plon, Les Petits-Fils de Plon et Nourrit, 1935, p. 610.
    (2) Id., ib., pp. 610-611.
    (3) Id. ib., pp. 632-633.
    (4) Id. ib., p. 658.
    (5) Michel le Syrien, III, p. 375. apud René Grousset, op. cit., p. 657.
    (6) René Grousset, op. cit., p. 663.
    (7) Dominique Paladilhe, Le Roi Lépreux, Perrin, Paris, 1984, apud Gregório Lopes, Catolicismo, abril/1992.
    (8) René Grousset, op. cit., p. 744.

    (Fonte: Lepanto)



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    quarta-feira, 4 de julho de 2012
    Balduíno IV, de Jerusalém, o Rei Leproso – 1


    Esse jovem monarca, quase desconhecido na História, foi entretanto dos mais heróicos cruzados e protótipo de soberano virtuoso, comparável a São Luís IX.

    Balduíno, filho de Amaury I de Jerusalém e de Inês de Courtenay, nasceu no ano de 1160 na Cidade Santa, Jerusalém. Apesar de o casamento de Amaury ter sido anulado por questão de parentesco, os filhos dele nascidos, isto é, Amauri e Sibila, foram considerados legítimos herdeiros da Coroa.

    Um dia em que Balduíno brincava de guerra com outros meninos de sua idade, seu preceptor notou que, enquanto os demais gritavam quando eram atingidos, ele parecia nada sentir.

    Perguntando-lhe a razão disso, o menino respondeu que os outros não o feriam, e por isso não manifestava dor e não gritava. Mas, reparando o preceptor em suas mãos e braços, percebeu que estavam adormecidos.

    O rei foi informado e mandou vir os melhores médicos, que ministraram emplastros, ungüentos e outras medicinas à criança, sem alcançar entretanto resultado algum. Era o começo de uma doença que iria progredir à medida que Balduíno fosse crescendo.

    Em suma, esse menino tão belo, tão ajuizado e já tão sábio fora atingido por um mal terrível, que se revelou logo: a lepra, que lhe valerá o trágico cognome de o Leproso.

    Dificuldades: doença, divisão interna e Islã

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    Postado por Luis Dufaur às 03:30 0 comentários
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    quarta-feira, 23 de maio de 2012
    Cerimônia de partida de Vasco da Gama – 2

    Vasco da Gama (Sines, c. 1460 ou 1468 ou 1469 — Cochim, Índia, 24 de Dezembro de 1524)
    Vasco da Gama (Sines, 1460 ou 1468 ou 1469 — Cochim, Índia, 24.12.1524)
    Continuação do post anterior

    Foi escolhido para a partida o sábado, 8 de julho de 1497. Em 7 de julho, O Rei D. Manuel recebeu Vasco da Gama, capitão-mor da frota de quatro navios, e seus capitães em cerimônia solene.

    Reunidos em torno do soberano estavam os mais importantes nobres e outros personagens da corte, incluindo os mais elevados membros do clero, todos adornados com os melhores trajes e atavios cerimoniais.

    A multidão, dentro e do lado de fora, também estava engalanada, formando uma exuberante colcha de retalhos de vestuário.

    Vasco da Gama e seu irmão mais velho, Paulo, o dedicado amigo deles, Nicolau Coelho, e outros altos oficiais da expedição, todos envergavam sua mais vistosa armadura.

    Capacetes, peitorais e os punhos elaborados de suas espadas foram polidos até ganhar um lustro muito brilhante. Um por um foram levados à frente, apresentados ao Rei e à Corte, e ficaram em posição de sentido.

    Em seu discurso, D. Manuel ressaltou que o propósito dessa busca [das Índias] era difundir a palavra de Jesus Cristo e com isso obter sua recompensa no Céu, e em acréscimo adquirir reinos e novos estados com muitas riquezas.

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    Postado por Luis Dufaur às 02:30 0 comentários
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    Marcadores: Cruzada, navegações, Portugal, Vasco da Gama
    quarta-feira, 9 de maio de 2012
    Epopéia das navegações portuguesas: eco da Idade Média – 1


    As explorações portuguesas eram sempre movidas por mais do que império e especiarias, embora isso tenha se tornado a informação-padrão dos livros didáticos.

    Os portugueses buscavam igualmente manter contato com bolsões de cristãos há muito perdidos que se sabia existir no Oriente, além de converter pagãos e colonizar novas terras; e, tanto quanto qualquer outra coisa, eram impelidos pelo desejo de conhecimento.

    O custo foi enorme, em muitos sentidos incomensurável. “Deus deu aos portugueses um pequeno país como berço, mas o mundo todo como túmulo”, observou o padre Antonio Vieira.

    Os oceanos do mundo podem, de fato, ser descritos como um vasto túmulo aquático de marinheiros portugueses.

    Embora estivessem tecnicamente no Renascimento, seus corações e pensamentos ainda eram medievais.

    Um capitão escreveu, observando a gente que vivia no Brasil – embora pudesse com a mesma facilidade ter dito o mesmo de todos aqueles com que os portugueses depararam – que “se nosso Senhor nos trouxe aqui, acredito que não foi sem propósito”.
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    Postado por Luis Dufaur às 22:46 1 comentários
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    quarta-feira, 28 de março de 2012
    Simão de Montfort, campeão da ortodoxia contra a heresia

    Montfort l'Amaury, cidade natal de Simon de Montfort, perto de Pariws, Heróis medievais
    Simão IV, conde de Montfort, foi o segundo filho de Simão III e de Amícia, filha de Roberto de Beaumont, conde de Leicester, na Inglaterra. Nasceu aproximadamente em 1150.

    Tendo sucedido a seu pai como barão de Montfort em 1181, casou-se em 1190 com Alice de Montmorency, de quem teve três filhos.

    Em 1198 partiu para a Palestina com uma tropa de cavaleiros franceses, mas obtiveram poucos êxitos. Em 1202 participou da IV Cruzada. Mas vendo que seus companheiros se desviavam do fim piedoso que os tinha movido, e tomaram de assalto Constantinopla, separou-se deles e foi para a Terra Santa, onde se cobriu de glória.
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    Postado por Santiago Fernandez às 03:00 3 comentários
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    Marcadores: albigenses, Cruzada, Inocêncio III, Simão de Montfort
    quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
    O batismo de sangue de São Nuno Alvares


    Este moço, que Leonor Teles, pasmada do seu ardimento de criança, por suas mãos armou cavaleiro aos treze anos de idade, servindo-se do pequeno arnês do Mestre de Avis, e depois andou por morador em casa de el-rei, como escudeiro da rainha, tem agora vinte e dois anos. De pouca figura, ruivo como cenoura, rosto afiado, face seca de um vermelho sujo de sardas, aqui e acolá, no buço e no mento, punge uma penugem de faúlhas de oiro.

    Todo o valor expressivo está na testa alta e larga, na boca miúda de lábios de reza e no sonho pertinaz de dois pequenos e estranhos olhos azuis, cândidos e enérgicos, que no fundo das órbitas concentram pureza e poder.

    De pequena estatura, vergonhoso e calado, vive para si, vive para dentro. Parece calmo. Súbito explodem naquele corpo estreito rebentinas bravas, e todo o seu místico ser se agita, se transforma em ação, que derrui com violência e edifica com beleza. É a piedade feita energia, a oração feita espada. A idéia de bem servir seu reino e seu rei é nele obcecante. E este sentimento, feito de muitos sentimentos, enche-o, exalta-o.

    Assim pensando e sentindo, esta alma nobre vive, por esse tempo, esmagada nas suas aspirações e ofendida pelo que vê em volta de si. Nuno Álvares é violentado a assistir, de braços cruzados, aos enxovalhos cuspidos sobre a sua amada terra, que ingleses, vindos para a defender, saqueiam, e castelhanos já pisam para a possuir e arrebatar. Freme. Contorce-se. Derranca-se. Desde o inverno busca lutar, e não lho permite o irmão. Requesta o inimigo para duelos, dez contra dez, e proíbe-lho o rei. Tanto empacho enoja-o.

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    Postado por Luis Dufaur às 21:00 0 comentários
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    Marcadores: Beato Nuno Álvares
    quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
    O conde Fernán Gonzales, o califa e o ermitão

    Túmulo de Don Fernán Gonzalez, Covarrubias, cruzadas, 1º conde de Castela
    Túmulo do conde Fernán Gonzales
    Estava o conde Fernán Gonzales caçando com os seus cavaleiros na vila de Lara. De repente, um feroz javali saiu disparado de um matagal. O conde, desejoso de caçar tão boa presa, sem esperar por seus companheiros, saiu a cavalo em perseguição ao animal, que corria velozmente.

    Por fim chegou a uma ermida desconhecida, onde o javali se meteu pela porta. Então o conde, pegando a espada, se dirigiu à ermida, onde a fera tinha entrado.

    O javali havia se refugiado atrás do altar. O conde se ajoelhou diante do altar e começou a rezar. Neste momento saiu da sacristia um monge de venerável aspecto e avançada idade, apoiado num rude e retorcido cajado. Aproximou-se do conde e saudou-o, dizendo:

    — Vinde em paz, conde! A caçada te trouxe até aqui, mas prepara já as montarias, pois te aguarda o Rei Almanzor, o terrível inimigo dos cristãos. Dura batalha te aguarda, pois o mouro traz muitos guerreiros. Mas alcançarás grande vitória. E ainda te digo que antes de começar a batalha terás um sinal, que te fará arrepiar a barba e aterrorizará a todos os teus cavaleiros. Agora vai, vai lutar, que hás de alcançar a vitória.

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    Postado por Luis Dufaur às 02:30 0 comentários
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    quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
    Fernão Antolínes, o herói que uma vez não chegou ao combate

    Fernán Antolinez, Heróis medievais
    Fernán Gonzales, primeiro conde de Castilla, guerreava continuamente contra os mouros, fazendo tal número de mortos que não podiam ser contados. Derramou o sangue de vários reis muçulmanos, cujos reinos ele ia incorporando ao reino de Castilla.

    O bom conde foi em busca dos exércitos muçulmanos que, saindo de Gormas, na província de Soria, acamparam no vale de Cascavajes. Aí os enfrentou Fernán Gonzales, acompanhado de seu valoroso exército formado pelos mais nobres cavaleiros castelhanos.

    Entre estes estava Fernán Antolinez, cavaleiro profundamente religioso, que tinha o costume de ir à igreja todos os dias, ao romper da aurora, e aí permanecer rezando enquanto não tivesse terminado a última missa.

    Existia ali perto um magnífico santuário, que o conde Garcia Fernandez havia fundado perto do castelo de Santo Estêvão. Fernán Gonzales fez grandes doações a este mosteiro, e trouxe para ali habitar oito monges do mosteiro de São Pedro de Arlanza.

    No dia em que o conde esperava que se desse a batalha contra os mouros, seria rezada ali a primeira missa. Fernán Gonzales, seguido de seus cavaleiros, entrou na igreja e ouviu devotamente a missa. Uma vez terminada, armou-se de todas as suas armas, e todos os cavaleiros o imitaram. Em seguida saíram do santuário, e montando seus cavalos, partiram rapidamente em busca das tropas árabes que estavam no vale de Cascavajes.
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    Postado por Luis Dufaur às 02:30 0 comentários
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    Marcadores: Fernán Antonlínez, Fernán Gonzales
    quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
    O Imperador Carlos Magno: “Ele é entre os homens o que a águia é entre os pássaros”


    A foto à esquerda é da famosa pintura de Albrecht Dürer. Carlos Magno, nesta ilustração, parece estar entre a idade madura e a orla da velhice.

    Seu bigode ainda é, em parte, castanho louro, mas na outra parte, já completamente branco. Seu olhar, de um homem experimentado, está prevenido para enfrentar o adversário vindo de qualquer lado e a qualquer momento.

    Ele é seguro de si como um Himalaia. Seu olhar revela vigilância permanente. Seu modo de ser, o rosto, o corpo e tudo o mais indicam a contínua estabilidade, a contínua distância psíquica. É como se ele estivesse dizendo: “Por enquanto, estou tranqüilo, e na hora do combate não deixarei de estar tranqüilo, porque confio em Deus, meu Senhor”.

    Ele usa um manto maravilhoso de brocado, com a águia imperial servindo de ornato em alguns pontos. Dir-se-ia que a águia é ele. Ele é, entre os homens, o que a águia é entre os pássaros.

    Está portando uma coroa magnífica que contém jóias ainda não lapidadas, encimada pela Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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    Postado por Luis Dufaur às 03:00 1 comentários
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    Marcadores: Carlos Magno
    terça-feira, 25 de outubro de 2011
    Pedro Álvares Cabral, herói de nobre estirpe

    Portugal é um país pequeno em dimensões, mas enorme quanto a tradições históricas e valor humano. Era uma nação de pouco mais de 1 milhão de habitantes quando se lançou na proeza de expandir a Fé e o Império por um mundo até então desconhecido.

    Nesse novo mundo, misterioso e fascinante para os europeus da época, inseria-se o nosso Brasil.

    Hoje, transcorridos cinco séculos, permanecem ignorados da grande maioria dos brasileiros, fatos relativos à figura do protagonista desse marcante evento histórico – Pedro Álvares Cabral. Assim, é por nós pouco conhecido aquele que tornou o Brasil conhecido.

    De elevada linhagem

    Quem, afinal, foi o homem que a história menciona como aquele que descobriu a Ilha de Vera Cruz, posteriormente chamada de Terra de Santa Cruz e, finalmente, Brasil? Sua história ainda não foi por completo estudada (e talvez nunca o venha a ser), embora muitos pormenores sejam conhecidos dos historiadores.

    No ano de 1468,(1) no Castelo de Belmonte, propriedade da família Cabral, nascia um menino de nome Pedro, filho de Fernão Cabral e de Dona Isabel de Gouveia. Fernão Cabral lutou ao lado de D. João I e os três Infantes, na famosa conquista de Ceuta, em 1415, junto com seu pai, Luís Álvares Cabral.

    A genealogia e a origem do nome Cabral perdem-se nas brumas da história portuguesa. O Visconde de Sanchez de Baêna assim escreve:

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    Postado por Luis Dufaur às 16:01 1 comentários
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    quarta-feira, 12 de outubro de 2011
    Balduíno do Machado, conde truculento e justiceiro ‒ 2

    Continuação do post anterior

    Detiveram-se um instante, e viram efetivamente chegar um cortejo de camponeses acompanhando um novo casal. Balduíno avançou até a esposa, e tirando um anel de seu dedo, entregou-o a ela e disse:

    — Posto que o acaso conduziu-me pelo vosso caminho, que este acaso seja para vós uma providência. Se tiverdes alguma vez necessidade de mim, enviai-me este anel e pedi minha assistência, ela não vos faltará.

    A exemplo dele, cada um dos cavaleiros que o seguia deu um presente à jovem, e a cavalgada senhorial retomou o caminho do castelo.

    A oportunidade de usar o anel não se fez esperar. No meio de seu primeiro sono, o conde foi acordado por um de seus escudeiros. Mostrando-lhe o anel, este lhe disse que um camponês ofegante e coberto de pó acabava de trazê-lo da parte da recém-casada da floresta. Balduíno mandou logo que fosse introduzido o camponês, que era irmão do marido.

    Relatou que, quando a recém-casada era conduzida à nova residência do casal, fora raptada pelos seis novos cavaleiros. O esposo e seus amigos quiseram opor resistência, mas como estavam sem armas, foram repelidos.

    Dois ou três camponeses haviam recebido ferimentos bastante graves, tanto que a pobre jovem não teve senão tempo de jogar o anel, gritando ao seu marido: “Leve este anel ao Conde Balduíno!”

    Mas o marido, que quis vingar-se por si mesmo, dera o anel ao seu irmão, incumbindo-o da missão. Em seguida, chamando toda a aldeia em seu auxílio, preparou-se para perseguir os raptores.

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    Postado por Luis Dufaur às 02:47 0 comentários
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    quarta-feira, 28 de setembro de 2011
    Balduíno do Machado, conde truculento e justiceiro ‒ 1

    Balduíno à la Hache, ou Balduíno do Machado, era assim denominado porque tinha o hábito de servir-se, em vez da espada, de um machado pesando quinze quilos.

    Era um severo justiceiro esse conde. A reforma de quase todos os abusos e a punição de todos os crimes datam de seus dias. Relatarei dois exemplos da maneira como fazia justiça.

    Três mercadores de jóias e perfumes, que pelas roupas podiam ser reconhecidos como orientais, dirigiam-se, no ano de 1112, a uma feira que devia ter lugar em Thourout, e pousaram no Hotel da Cruz de Ouro.

    Sucedeu que no mesmo hotel estava hospedado, com alguns de seus amigos, o Sr. Henry de Calloo, um dos mais ricos e nobres senhores do País de Gales, o qual precisamente acabara de perder no jogo somas enormes.

    Por mais rico que fosse, não sabia como pagá-las. Vendo os mercadores e suas esplêndidas mercadorias, o demônio o tentou, e veio-lhe a idéia fatal de apoderar-se de suas jóias e dinheiro.

    Antes de partir, os mercadores enviaram na frente servidores com o encargo de lhes prepararem os alojamentos. Pensando que não tinham nada a temer, deixaram Bruges duas horas após seus mensageiros.

    Henry de Calloo e seus amigos deixaram que eles tomassem a dianteira. Então, alcançando-os no momento em que atravessavam um bosque, caíram sobre eles e os assassinaram. Tendo conduzido os cadáveres à parte mais densa do bosque, apoderaram-se de todo o ouro e jóias que os infelizes mercadores tinham consigo.

    Entretanto, os servidores, depois de terem tudo preparado para a chegada de seus senhores, vieram aguardá-los na porta da cidade. Como o tempo corria e os mercadores não chegavam, começaram a preocupar-se, e viram então chegar Henry de Calloo com seus companheiros.

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    Postado por Luis Dufaur às 02:43 0 comentários
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    quarta-feira, 14 de setembro de 2011
    Santo Odon: resplandecente abade de Cluny


    A figura luminosa de Santo Odon, abade de Cluny se coloca no medievo monástico, que viu a surpreendente difusão na Europa da vida e da espiritualidade inspiradas na Regra de São Bento.

    Ocorreu, durante aqueles séculos, um prodigioso surgimento e multiplicação de claustros que, ramificando-se no continente, difundiram nele o espírito e a sensibilidade cristãos.

    Santo Odon nos leva, em particular, a um mosteiro, Cluny, que durante a Idade Média foi um dos mais ilustres e celebrados, e ainda hoje revela, através de suas ruínas majestosas, as marcas de um passado glorioso por sua intensa dedicação à ascese, ao estudo e, de forma especial, ao culto divino, envolvido pelo decoro e pela beleza.

    Odon foi o segundo abade de Cluny. Nasceu em 880, nos confins entre Maine e Touraine, na França. Foi consagrado pelo seu pai ao santo bispo Martinho de Tours, a cuja sombra benéfica e em cuja memória Odon passou toda a sua vida, concluindo-a perto de seu túmulo.

    A escolha da consagração religiosa esteve nele precedida pela experiência de um momento especial de graça, do qual ele mesmo falou a outro monge, João o Italiano, que depois foi seu biógrafo.

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    Postado por Luis Dufaur às 02:39 0 comentários
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    Marcadores: Cluny
    quarta-feira, 31 de agosto de 2011
    O invicto São Fernando III, Rei de Leão e Castela ‒ 2

    São Fernando, altar de Sevilha

    Continuação do post anterior

    Reconquistando os reinos mouros para Cristo

    Após a vitória cristã em Navas de Tolosa os reinos muçulmanos da Espanha entraram em decadência, favorecendo a incorporação de muitos deles ao domínio de São Fernando por meio de pactos ou conquistas.

    Os contemporâneos descrevem três grandes virtudes nesse grande guerreiro: a rapidez, a prudência e a perseverança. Quando os inimigos o criam em um lado, ele aparecia no outro. E sabia prolongar os assédios para economizar sangue.4

    Foram inúmeras as campanhas guerreiras de São Fernando em sua reconquista da Espanha para Nosso Senhor Jesus Cristo.

    O rei-santo tinha apenas 25 anos quando entrou pela primeira vez na Andaluzia. O rei mouro de Baeza veio oferecer-lhe obediência, dizendo-lhe que estava pronto a render sua cidade e assisti-lo com dinheiro e alimentos.

    Em 1235, enquanto São Fernando se apoderava de Ubeda e as Ordens militares conquistavam com outras praças Trujillo e Medellin, com apenas 1500 homens seu filho, o Infante D. Afonso – mais tarde Afonso X, o Sábio –, vencia em Jerez de la Frontera o exército do rei mouro de Sevilha, composto de sete corpos de soldados. O que foi considerado por todos como um feito verdadeiramente milagroso.

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    Postado por Luis Dufaur às 02:35 0 comentários
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    Vós que mantínheis vossa palavra mesmo dada ao infiel, fazei que jamais mentira passe por minha boca, ainda que a franqueza devesse me custar a vida.

    Óh! homem de proezas, incapaz de recuos, cortai as pontes para os meus fingimentos e que eu caminhe sempre para o ponto mais duro do combate”.

    Amém.

    Foto: Bertrand du Guesclin, col. part..
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    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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