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A Comunhão dos Santos e as Escrituras
Posted on terça-feira, 19 de junho de 2012
Em geral, sempre vi muitos falarem com desconhecimento da intercessão dos santos. Sempre se fala: “Jesus é o único mediador, por isso não existe isso de rezar para o santo A ou B”. Ok, que Cristo é o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2,5), é um fato. Mas, a mesma Escritura nos mostra que Cristo é a cabeça de um corpo, que é a Igreja. E mesmo ele sendo o único – no sentido de supremo – mediador, nos manda orar uns pelos outros (S. Tiago 5,16). Ao orar por um irmão, que faço eu senão me aproximar com confiança diante do Trono de Deus (Hb 11,6) e pedir-lhe que abençoe ou cure ou faça qualquer outra coisa em favor da vida de outra pessoa? Isso acaso não é uma mediação? Sim, é.
O interessante é vermos que no mesmo capítulo de 1 Timóteo, S. Paulo fala, alguns versos antes:
“Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador” (1Tm 2,1-3)
Interessante, ele usa expressamente a palavra intercessões. Interceder e mediar são a mesma coisa, pois interceder significa fazer mediação. Vale ressaltar que você encontra o mesmo conceito em sites protestantes como esse. Aí vemos na Escritura Sagrada textos mostrando claramente a intercessão dos santos:
"E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos." (At 5,12)
"E cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor em grande número tanto de homens como de mulheres; a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles. Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados." (Ats 5:12-16)
E ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. Disse-lhe Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho, isso te dou; em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda. Nisso, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente os seus pés e artelhos se firmaram (Ats 3:5-7)
Veja que interessante: a simples sobra de S. Pedro curava. E ele fala ao paralítico: “o que tenho isso te dou” e manda-o se levantar. Isso é claramente intercessão, isso é milagre sendo feito pela voz deles e até pela simples sobra deles. Porque isso é tão explícito na Escritura se fosse algo errado? Aí, uma vez, li – dá um outro texto, mas vou fazer uma menção somente aqui – em um texto num site protestante que as relíquias dos santos são idolatria e suprestição. O curioso é que a mesma Bíblia que ele afirma condenar a idolatria – onde ele situa a questão das relíquias – nos mostra, vejam que coisa, pessoas sendo curadas somente com os lenços de S. Paulo! Veja:
“E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários, de sorte que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos malignos. Ora, também alguns dos exorcistas judeus, ambulantes, tentavam invocar o nome de Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega. E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, um dos principais sacerdotes. Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: A Jesus conheço, e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” (Ats 19:11-15)
E, veja que coisa: as pessoas levavam lenços e aventais usados por São Paulo aos enfermos e possessos e assim conseguiam a cura e a libertação para essas pessoas. Com objetos de uso pessoal de S. Paulo – relíquias. Isso é intercessão, claro!
Ainda sobre as relíquias: “Depois morreu Eliseu, e o sepultaram. Ora, as tropas dos moabitas invadiam a terra à entrada do ano. E sucedeu que, estando alguns a enterrarem um homem, viram uma dessas tropas, e lançaram o homem na sepultura de Eliseu. Logo que ele tocou os ossos de Eliseu, reviveu e se levantou sobre os seus pés.” (2Rs 13,20-21)
Interessante aqui nesse texto, que levaram o homem morto, iriam enterrá-lo... Mas colocaram ele na sepultura de um santo profeta, Eliseu, e somente ao tocar os ossos do profeta ele foi ressuscitado! Isso é intercessão também, e mais: Eliseu já não vivia mais, hein?
Agora, se você for falar que ainda assim não existe intercessão dos santos, como fará suas orações pelos que lhe pedem que ore por eles? Se somente e UNICAMENTE Cristo faz essa intercessão e mediação, você fica em maus lençóis. E aí?
Ah, mas eu já vejo alguém falando: “mas isso é somente entre os vivos, não existe isso de os mortos intercederem”. Espera um pouco... Não foi Jesus mesmo que falou: “Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele todos vivem.” (Lc 20,38)?? São Paulo disse certa vez da morte: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Mas, se o viver na carne resultar para mim em fruto do meu trabalho, não sei então o que hei de escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp 1,21-23). Hum, Se Deus nos tem todos como vivos, se S. Paulo fala que ele prefere partir e estar com Cristo, falando como sendo muito melhor – ele não iria ter como muito melhor um mero sono, num intervalo sem fim, não é? – temos clara evidência de que, sim, aqueles que morrem na fé em Cristo vivem junto de Deus. Mas a Escritura ainda nos fala mais. Ela nos mostra que eles rezam no céu e que também servem a Deus, adorando-o. Vamos ver:
“Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamaram com grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Apo 6,9-10)
Interessante aí que o texto – o quinto selo, antes da tribulação, portanto – mostra que os mártires (mortos pelo seu testemunho) não somente VIVEM, mas também REZAM diante de Deus. E pedem justiça, pedem que Deus vingue o sangue que derramaram pelo Evangelho, pedem justiça para que Deus os vingue. Mais adiante um pouco, vemos outra cena:
“E um dos anciãos me perguntou: Estes que trajam as compridas vestes brancas, quem são eles e donde vieram? Respondi-lhe: Meu Senhor, tu sabes. Disse-me ele: Estes são os que vêm da grande tribulação, e levaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que está assentado sobre o trono estenderá o seu tabernáculo sobre eles.” (Apo 7,13-15)
Veja, que mostra – após as tribulações – um grupo de santos no céu e fala que estão diante do Trono de Deus e que servem de dia e de noite no seu santuário. Outras versões em lugar de “o servem” trazem “o adoram”. Ou seja, eles adoram a Deus, prestam culto a Deus no céu! Então, segundo a Escritura, não se pode falar que os santos estão inertes, que dorme, que não vivem e estão ativos diante de Deus, pois a própria Escritura desmente isso, como vimos.
Veja um outro detalhe revelador: “Achou ali certo homem, chamado Enéias, que havia oito anos jazia numa cama, porque era paralítico. Disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te cura; levanta e faze a tua cama. E logo se levantou.” (At 9,33-34). Hum, veja que embora tenha sido a pessoa de S. Pedro a falar, ele fala como sendo o próprio Cristo a agir por seu intermédio. E realmente assim é, pois interceder, intermediar, mediar algo são sinônimos. Quando recebemos essas graças pela intercessão dos santos, não são eles, mas Cristo que nos cura, que nos atende, embora seja com a mediação deles.
Assim, se você ainda quiser negar a intercessão e a comunhão dos santos, pode fazer. Mas somente não fale que isso não é bíblico, pois senão você terá que rasgar um bom pedaço da sua Bíblia. Se você se guiar somente pela Escritura, não pode ignorar tais versículos, somente por eles mostrarem uma realidade que você acha não existir. Seja ao menos um pouco coerente e admita: Senhor, eu creio, ajuda-me na minha falta de fé (Mc 9,24).
Como eu falei no meu blog pessoal, tempos atrás eu vivi - na prática - um lindo exemplo do que seja a comunhão dos santos. Por isso, digo: creio na comunhão dos santos!
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