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- PROFANAÇÃO DE OBJETOS SACROS
CATÓLICO - Acho graça de dos Srs. quererem saber automaticamente de um livro quinze séculos depois de ser escrito.
EVANGÉLICO - Mas o caso é que nós achamos a verdadeira explicação dele, e ele vem de Cristo.
- Há mais de 11.000 qualidades de protestantes diferentes que afirmam o mesmo. Qual deles tem razão?
- Não diga "diferentes". Há modalidades entre eles, não diferenças. É assim como entre as ordens da Igreja Católica.
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Depois falaremos sobre isso. Vamos agora ao que estávamos falando. Não me consta que houvesse entre os protestantes alguma "avis rara" em matéria de interpretar a Bíblia.
- Mas nós somos inspirados.
- E os outros não? E a Igreja não? houve neste caso quinze séculos de inspirados antes dos
Srs.
- Mas a Igreja proibia ao povo a leitura da Bíblia.
- Isso é calúnia. É até pecado afirma isso. Durante quinze séculos anteriores aos protestantes leu-se a Bíblia. Mas o que não se podia era profanar a Sagrada Escritura com ousadas interpretações pessoais, diferentes das dos antigos intérpretes e da oficial.
- Aí bate o ponto, aí está o mal.
- Para os senhores; para nós aí está o bem, meu amigo. A mãe não dá o pão seco e cru à criança; coze-o e prepara-o ela, primeiro; só assim o dá, depois, à criança. Ora, nem todos têm compreensão das coisas e, se forem todos interpretar a /bíblia, haviam de profaná-la com absurdas conclusões. A Bíblia passando pelo cérebro do indivíduo é como a luz passando por um vidro: fica da cor do mesmo. E que a Igreja tenha razão em adotar este sistema de controlar a leitura da Bíblia, prova-o a multidão de seitas protestantes surgidas, da profanação da Bíblia, pois de uma só Bíblia tiraram conclusões diferentes.
- E o livre exame? E a inspiração particular?
- Não há inspiração particular, e, se houvesse inspiração particular verdadeira, não haveria ela de contradizer a inspiração oficial da Igreja. E o livre exame é a confusão do protestantismo.
- Então não seria preciso ler a Bíblia. Se a toda a Bíblia se deve dar um só sentido, para que lê-la? Ouço da Igreja o que me diz.
- Este seu pensamento está correto em parte. A verdade é uma só. Ora, essa, a Igreja a tem, desde que escreveu o Novo Testamento e mesmo antes, desde que ela existe. Logo, deve-se sua interpretação como sendo a mais autorizada. e o Sr. escreve uma carta, quem é melhor intérprete dela?
- Eu. Quem mais havia de ser?
- Exatamente. E, pode alguém interpretar a sua carta contra o Sr.?
- Nunca, não admito. Seria "blague", engano, velhacaria.
- O que o Sr. faz com sua carta, faz a Igreja com a Bíblia. O Antigo Testamento, recebeu-o dos Apóstolos e de Cristo. O Novo Testamento, ela mesma o escreveu. Logo a sua interpretação é a mais fiel; tanto mais que ela é assistida por Cristo. De outro lado, não é inútil ler-se a Bíblia, como falsamente conclui o Sr., mas de muita utilidade, especialmente por causa dos preceitos morais de que é vastíssimo repertório e por confirmar os ensinamentos dogmáticos da Igreja. L´[a se encontram a vida e as palavras de Cristo, vida e palavras de muitíssimos varões tementes a Deus. Logo, é de muita utilidade a sua leitura e a Igreja a recomenda a todos.
- Ora, vir me dizer a mim que a Igreja não proíbe a leitura da Bíblia! Pois eu vi padres queimarem Bíblias!
- Duas afirmações merecem duas respostas. O padra bem podia ter queimado Bíblias, não por ódio, mas por amor à mesma Bíblia.
- Que absurdo! Como assim?
- Por não estarem as Bíblias nas devidas condições.
- Então a Bíblia, a palavgra de Deus, tem condições?
- Por ser palavra de Deus, tem e deve ter, a saber: que seja tal.
- Essa é boa! E quais seriam estas condições?
- Quem a Bíblia traga notas explicativas e tenha aprovação de algum bispo (Cânon 1391).
- Por que essas condições?
- Para se ter certeza de que essa Bíblia é mesmo a Bíblia e para que todos possam lê-la "bem". A Igreja é a guarda da verdade; Ela recebeu toda a verdade de Jesus e é, portanto, sob o seu "controle" que se deve propagar a palavra . Ela quer que as edições saiam corretas.
- E não será para tirar alguma passagem incômoda?
- Isso ela faria se procedesse como os protestantes, que alijaram sete livros da Bíblia e pervertendo muitas passagens que não lhes convêm.
- Mas isso é calúnia!
- Não sou um protestante para caluniar. Dê-me a sua Bíblia. Onde é que se acham nela os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e os dois dos Macabeus, ao todo sete? Onde está a passagem da casta Suzana libertada por Daniel? E por que estão pervertidos os textos que falam da "penitência", traduzidos por "arrependimento"?
- De certo, esses escritos eram apócrifos.
- O livro de Tobias é citado em Mat 7, 12- Mas os Srs. é que não têm autoridade para dizer isso. Se os Srs. têm a Bíblia e sabem quais e quantos são os evangelhos, as epístolas e os outros livros, devem-no à Igreja. Se ela mereceu fé quando apresentou uma parte da Bíblia, por que não merece, apresentando também o resto?
- Mas a Bíblia não se refere a esses livros.
- Mesmo que não se referisse, não deixariam de ser autênticos, pois dos livros admitidos pelos protestantes como autênticos, há diversos que não são citados pelo resto da Bíblia (Esd, Ne, Rt, Ecl, Ct, Ab, Na, Pr) e nem por isso deixam de ser autênticos como quase todas as epístolas.
- Mas, se o resto da Bíblia se referisse aos livros apócrifos, citando-lhes frases, repetindo histórias neles contidas não se poderia duvidar da sua autenticidade.
- E casualmente quase todos os sete são citados desta forma.
- Impossível!
- De fato,
- Tobias e o Anjo
- Na epístola aos Hebreus, II, 35 alude-se ao suplício de Eleázaro, narrado no 2.º Macabeus 6, 19;
- O livro da Sabedoria é citado em Hebreus I, 3 correspondendo ao seu cap. 7, v. 26;
- O texto dos Romanos II, 7-31, coincide com Sab, cap 13.
- O Eclesiástico é citado em Iº Tim 6, 9 - (Ecl 9,10)
Ecl 30,11)
- Gal 6,10 - (Ecl 12,4)
- Cor 9,7 - (Ecl 30,11)
- Judite, o profeta Baruc, não são citados, mas em compensação estão na tradução dos 70, como todos os outros livros sagrados; e demais a mais, são reconhecidos por toda a Tradição. Ninguém duvidou deles a não ser os protestantes. Só o estarem na tradução dos 70 é prova suficiente de sua autenticidade. Como é sabido, 70 sábios traduziram, antes de Cristo, a Bíblia (a existente até então) do hebraico para o grego. Pois, no rol dos livros sagrados, apareciam estes dois.
E depois, estes, como os outros, são aceitos com unanimidade pela Tradição.
- Qual Tradição, qual nada! Que é Tradição?
- Tradição é a voz da Igreja; é o elemento humano deixado por Cristo na terra. No nosso caso, a Tradição está na aceitação dos livros em questão pelos Santos Padres, que registraram em seus escritos a pura doutrina de Cristo. É, em outras palavras, a voz da história.
- Nós não admitimos tradição de jeito nenhum. Em todo caso, seria curioso ouvir alguma coisa a este respeito. Falam os antigos escritores destes livros?
- Falam. O livro de Baruc é citado diversas vezes por São Clemente Alexandrino, São Hipólito, Melito, Santo Atanásio, calando os demais por não terem oportunidade oportunidade de falar sobre o assunto. O livro da Sabedoria é citado por São Justino, Tertuliano, São Hilário, Eusébio, São Jerônimo e os nomeados acima. Os de Macabeus são mencionados por quase todos os Padres acima citados e mais São Cipriano e Santo Efrem, e Orígenes. O mesmo vale para os outros livros, cujos citantes é inútil nomear.
- Sim, porque não admitimos a Tradição.
- Porque não lhes convêm. Quando, porém, algum dos Santos Padres parece favorecer os protestantes, então é citado de bom grado e com rasgados elogios. É o caso da raposa que, não podendo alcançar as uvas maduras desculpou-se dizendo: "São verdes, não prestam".. Tendo, porém, caído uma folha, virou-se mais que depressa para ver se er algum bago. Infelizmente era folha..
Assim sucede com os protestantes: Combatem a Tradição por princípio. Se porém, algum Santo Padre parece falar a favor deles, tomam-no como autoridade, coisa que se vê nos escritos de Lutero e em outros escritores como as "Inovações do Romanismo". Mas são infelizes. Os poucos autores citados por eles, ou são mal interpretados, ou, em todo caso. não fazem Tradição por discordarem da maioria. São parra, não são bago. E, assim como a uva é desprezada pela raposa por não ter ela podido alcançá-la, assim também a Tradição é desprezada pelos protestantes porque não lhes favorece as opiniões.
- Mas voltemos ao nosso assunto. A Igreja proibiu ou não a leitura da Bíblia em língua vernácula?
- Proibiu e não proibiu. Proibiu, como disse, a leitura da Bíblia sem notas e editada fora de suas vistas. Permitiu e permite as Bíblias em vernáculos desde que tenham notas e sejam publicadas com a sua aprovação, pelos motivos acima expostos, e para evitar sacrílegas interpretações do texto sagrado.
- Assim que, se eu quiser, poderei ter uma Bíblia em português, editada pela Igrejas Católica?
- Perfeitamente. Qualquer livraria católica pode fornecê-la.
- Então farei o pedido.
- E perderá uma mau conceito sobre a Igreja.
- Contudo, resta-me ainda uma dúvida a este respeito. Com certeza é de agora que a Igreja põe ao alcance do povo a Bíblia.
- Engano. Sempre o fez. Nos primeiros séculos, lia-se a Bíblia e se explicava nas chamadas homilias. Hoje em dia, continua-se a ler o trecho evangélico ao povo e se faz a correspondente explicação, a homilia, e isso todos os domingos e festas.
- Mas de certo antes era tudo em latim e agora em português, ou nas outras línguas vivas. Isso sempre será resultado da Reforma.
- A Igreja nunca ligou à Reforma. Ela é a norma de seus próprios atos. A pregação sempre foi feita na língua do povo.
- Mas as Bíblias em vernáculo só apareceram depois de Lutero. Lutero sacudiu o pó da Bíblia.
- Puro engano. A Bíblia foi traduzida em todas as línguas até então faladas, antes de Lutero.
- Prove-me isso e eu serei católico.
- Historiador Cesare Cantu
- Não creio. O lobo, se não condena o cordeiro num ponto, condena-o em outro, embora irrazoavelmente. Assim os protestantes fanfarroneiam que serão católicos se lhes provar um ou outro ponto. Explica-se-lhes o ponto, faz-se-lhes entrar pelos olhos a dentro a verdade, mas eles sempre têm "saltos", como o lobo. Se não condenam a Igreja num ponto, condenam-na em outro e continuam protestantes. Em todo caso, se quiser provas da existência da Bíblia nas línguas vernáculas, antes de Lutero, tê-las-á. É a História. É Cantu.
- Lutero traduziu a Bíblia em 1520.
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(continua -
Postado há 22 hours ago por OSWALDO DE PAULA GARCIA
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